Produtor rural que plantou mais de 8 mil árvores é vencedor do Prêmio Biguá

“Meus avós vieram para cá e derrubaram tudo. Por que eu não faço o inverso agora?” As palavras são do produtor rural Moisés Francisco de Araújo e foi com esse objetivo que ele se mudou para o interior de Divino de São Lourenço, no Sul do Espírito Santo, depois de morar por muitos anos no Rio de Janeiro. Ele comprou a propriedade que foi dos avós, em 2004. E desta data até hoje, mudou completamente o lugar.

“Quem conheceu isso aqui em 2002, 2004, e vê hoje, me pergunta: – como você conseguiu fazer aquele paraíso no meio do nada?”, conta o produtor. Para iniciar o trabalho de reflorestamento e recuperação da área, que antes era apenas de pastagem, ele buscou conhecimento e o apoio de programas ambientais através do Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural.

“A gente começou a fazer algumas capacitações com o Moisés em relação a recuperação da área ambiental. E depois apareceram alguns projetos, como o Corredor Ecológico (Ministério do Meio Ambiente) e o Reflorestar (Governo do Estado), e ele foi inserido nesses programas”, explica Ricardo Eugênio Pinheiro, coordenador do Incaper Regional Caparaó. O projeto Reflorestar, por exemplo, oferece uma compensação financeira pelos serviços ambientais prestados pelos produtores rurais.

Em 15 anos, mais de oito mil árvores foram plantadas. Mas isso não impede que ele continue a cultivar café e obter renda. O produtor tem sete mil pés de café no sistema agroflorestal, no mesmo terreno onde ficam as árvores. Ele ainda cultiva frutas na mesma propriedade. “Eu não sei por que as pessoas acham que não pode ter árvore na propriedade, se é capim é só capim, se é café é só café”, diz Moisés. E ele prova que pode ser diferente.

E com esse projeto que recebeu o nome de “Unidade Demonstrativa de Recuperação Ambiental de Matas Ciliares” ele conquistou o primeiro lugar na categoria Produtor Rural, no Oitavo Prêmio Biguá de Sustentabilidade.