Menu Principal

Siga nossas redes sociais:

Expedição do Rio Itapemirim: equipe chega à foz com dificuldade para navegar

Shares
Read Carefully

Foto: reprodução TV Gazeta Sul
Enormes bancos de areia dificultam a navegação no Rio Itapemirim

A Expedição Científica do Rio Itapemirim chegou ao sexto e último dia com um grande desafio: navegar de Cachoeiro até Marataízes, onde o rio encontra o mar. A partida foi do bairro Baiminas, com muita dificuldade.

“Isso aqui é um indício de que as coisas pioraram. Há 15 anos nós descemos exatamente aqui e conseguimos navegar. E agora estamos no período de chuva, o rio ganhou água e não tem condições de navegar”, alertou a ambientalista e cientista social, Dalva Ringuier.

Ainda assim, a equipe se dividiu em dois barcos, para tentar ultrapassar os obstáculos dos bancos de areia. São muitos, espalhados pelo rio. Em alguns pontos foi preciso desligar os motores e andar dentro do rio, com água na altura da canela, puxando o barco.

Depois de quase duas horas, os barcos chegaram à ponte da BR 101 e a equipe fez mais um flagrante de crime ambiental. Uma rede de cerca de 70 metros foi encontrada dentro do rio. “É uma rede com a malha fina, e não pode colocar uma rede de espera desse tamanho, é proibido por lei, isso impede que os peixes subam o rio”, disse o biólogo Helimar Rabelo. Mais redes e diferentes tipos de armadilha proibidas também foram encontradas ao longo do percurso.

Foto: reprodução TV Gazeta Sul
Equipe flagra redes de pesca irregulares no rio

Outro grande problema detectado em alguns pontos é a ausência da mata ciliar, a vegetação que fica às margens do rio e auxilia na proteção dele contra o assoreamento. O agente de desenvolvimento agropecuário do Idaf, Justino Marquezine, explica que isso não pode acontecer. “Isso está previsto no Código Florestal, que propriedades que margeiam os cursos d’água, elas têm que reflorestar uma faixa que vai de cinco (metros) à metade da largura do curso hídrico. Como nesse ponto, a média de largura dele é de 80 metros, o proprietário vai ter que recuperar uma faixa de 40 metros com mata ciliar, para que ela possa impedir esse processo erosivo que vemos aqui”, disse ele.

Os expedicionários pararam na casa de uma família de pescadores, que mora próximo ao Rio Itapemirim. E puderam ouvir dessas pessoas que não é mais possível sobreviver do rio como antigamente. “Você podia contar com dez robalos, tudo de dois quilos para cima. Hoje você não tem acesso a isso. É uma tristeza ver o rio do jeito que está aí e quem vai sofrer mais são os filhos e netos, que não vão ter mais o rio”, conta Júlio Cezar da Costa.

“Não tem jeito, você sai para pescar e não pega nada. O rio está seco, não tem peixe”, completa Deonízio Martins Neres, também pescador. Além dos peixes, uma espécie de camarão está desaparecendo do Itapemirim. De acordo com o professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Bruno Preto, a redução da quantidade de água contribui significativamente para isso. “Esses camarões dependem de água salobra para reproduzir e para isso eles precisam migrar, e com pouca água no rio vem a dificuldade de fazer essa migração. Então é uma das possíveis causas da redução dos camarões no rio Itapemirim”, afirma.

Mesmo com toda dificuldade a equipe chegou até a Barra de Itapemirim, em Marataízes, onde o rio se encontra com o mar. Foram mais de 700 quilômetros percorridos em seis dias de Expedição Científica, desde a nascente até a foz do rio. E depois de ter visto tantas belezas, bons exemplos, mas também tantos problema e o avanço da degradação ambiental, todos tiveram a certeza de que há muito ainda para ser feito.  “Não precisa mais fazer diagnóstico, plano de bacia. Isso tudo já está pronto. O que tem que fazer agora é agir, e a expedição veio exatamente para mostrar  isso”, finaliza Dalva Ringuier.
*Com informações da TV Gazeta Sul
Publicidade
Top