Beneficiamento dos resíduos da indústria da pedra pode gerar emprego e renda
Um antigo gargalo do setor de rochas ornamentais, a destinação correta dos rejeitos oriundos dos processos de serragem e polimento das pedras, está abrindo espaço para um novo nicho de negócios: a transformação do resíduo industrial em subproduto com valor agregado e viés socioambiental.
No sul do Estado, a experiência adquirida através da organização setorial promovida pelo sindicato patronal da categoria – o Sindirochas – fez com que as empresas se unissem para implantar aterros destinados a receber, pesquisar e armazenar os resíduos de sua indústria com intuito de transformá-lo num elo da cadeia produtiva das pedras ornamentais.
Um dos pilares dessa ação, a criação do Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) da Associação Ambiental Monte Líbano (Aamol), é um bom exemplo de uma prática que deu bons frutos. A Aamol, que conta hoje com 67 empresas associadas, inspirou a criação de vários aterros semelhantes em outros municípios capixabas, cumprindo a mesma função: dar um destino correto aos dois materiais até então considerados os patinhos feios do setor: o casqueiro e a lama abrasiva gerados no beneficiamento das rochas.
Em Cachoeiro, vai a todo vapor a produção de brita da Aamol, que reaproveita o casqueiro da indústria de serragem de pedras. Inaugurado a cerca de dois anos, o britador fica localizado na mesma área do aterro e tem garantido renda para a manutenção da Associação, além de solucionar o problema com este tipo de resíduo industrial.
Por outro lado, a constatação de que a lama poderia ser transformada em subproduto do beneficiamento das pedras fez com que passasse a receber a nomenclatura de LBRO, numa ação para desmistificar esse tipo de resíduo industrial e dar um contorno mais técnico ao seu reaproveitamento. A Aamol encomendou então uma pesquisa que constatou a viabilidade técnica e econômica na utilização da lama na produção de quatro tipos de argamassa e fez até o plano de negócios para o investimento nesta atividade, incluindo sua planta industrial. No total, foi investido cerca de R$ 586.000,00 na pesquisa.
Segundo o diretor executivo da Associação, Fabrício Athayde Rocha, o projeto, que recebeu o Troféu Biguá em 2013, só não está sendo tocado pela instituição devido à retração do mercado nacional da construção civil, em função da crise econômica e política que o país atravessa. A tecnologia, entretanto, poderá ser disponibilizada caso alguma empresa se interesse em investir nesse ramo industrial.
Responsabilidade Social
Além de desenvolver um trabalho que garanta a integridade do meio ambiente, a Aamol preocupa-se também com a melhoria da qualidade de vida da comunidade onde está inserida. Vários alunos de escolas locais já estiveram no aterro, conhecendo o funcionamento do CTR. De acordo com Fabrício A. Rocha, “este programa de educação voltado para questões ambientais reafirma o compromisso do setor em formar cidadãos conscientes e atuantes”.
Instalado na localidade de Morro Grande, em uma área de 26 hectares (sendo 5,3 ha ocupados com células de armazenamento), há aproximadamente 10 quilômetros do centro de Cachoeiro de Itapemirim, o aterro recebe cerca de 10 mil toneladas por mês de LBRO, provenientes das empresas associadas. Essas empresas pagam uma taxa de manutenção fixa e fornecem um aporte de recursos de acordo com a quantidade de material de deposita no aterro.