Comunidade buscou recursos para tirar o esgoto de córrego
Quando as pessoas se unem, os resultados aparecem. Foi assim em Mimoso do Sul, onde a comunidade rural de Palmeiras se organizou para lutar pela preservação de seus recursos naturais. E deu certo. 25 anos após a criação da Associação de Moradores de Palmeiras – AMOP, o córrego que corta a região foi totalmente saneado com a retirada de 220 pontos de despejo de esgoto proveniente de residências e pequenas agroindústrias locais.
A inciativa, que foi premiada em 2014 com o Troféu Biguá, teve apoio da Fundação Banco do Brasil, que investiu 265 mil reais na construção de fossas biodigestoras em Palmeiras e mais quatro comunidades do seu entorno, todas cortadas pelo córrego Belmont. Os moradores de Palmeiras deram como contrapartida de 17 mil reais, pagos com mão-de-obra da própria comunidade. “Não precisamos desembolsar nada, apenas o nosso trabalho na construção das fossas”, comemora Isaque Theodoro, de 36 anos, presidente da Amop.
Muito frequentada por pessoas que buscam desfrutar das águas cristalinas do córrego para se refrescar e fugir da rotina da cidade durante o verão, a região tinha o seu principal atrativo ameaçado. O esgoto, além de poluir as águas do córrego e espantar os visitantes, também resultava em valas negras próximas às residências, pondo em risco a saúde dos moradores locais. “Diminuiu bastante os casos de doenças oriundas do esgoto a céu aberto aqui na comunidade” – avalia.
Com o córrego saneado, os turistas voltaram, mas trouxeram outra preocupação para a comunidade: o lixo deixado pelos banhistas. “Nós fazemos a limpeza periódica dos pontos de maior frequência, porém o ideal é que todos tivessem a consciência de levar de volta o lixo que trazem para cá, como embalagens plásticas, garrafas e latas”, sugere Isaque.
Como não passa caminhão de lixo em Palmeiras, os moradores também se organizaram para evitar a poluição provocada pelo lixo doméstico. Eles criaram pontos de descarte coletivo e mensalmente entregam o lixo, já previamente separado no galpão da Amop, à cooperativa de catadores em Mimoso do Sul. “Isso evita que ele seja queimado aqui e ainda ajudamos os catadores” – comenta.
O ex-presidente da Amop, José Cláudio Oliveira Carvalho, lembra que as embalagens de agrotóxicos também são recolhidas e têm destinação correta. “Fazemos há alguns anos diversas parcerias com o Senar e outras instituições para promoção de cursos de capacitação, inclusive de aplicação e manuseio de agrotóxicos, para evitar problemas com o uso destes produtos” – disse.