A participação dos pais é fundamental para criar o hábito da leitura na infância. A opinião é da diretora pedagógica do Centro Educacional Renascer, Gracinda Ribeiro. Ela conta que o trabalho que a família tem é o de incentivar as crianças a ler e fazer suas próprias interpretações.
Esse processo leva a criança a um estágio criativo alto e, consequentemente, desenvolve a independência, segundo a pós-doutora em Letras e Linguística e professora do Departamento de Linguagens, Cultura e Educação da Ufes Maria Amélia Dalvi. Para a pesquisadora, é importante que os pais participem desse processo analisando os avanços dos filhos. “Nós, adultos, é que temos a responsabilidade de mostrar às crianças a função social do livro e da leitura, os diferentes tipos de livros existentes, as diferentes formas de linguagem, os diferentes suportes, os múltiplos temas, os inúmeros autores… As crianças precisam ver em nós o valor que damos à leitura”.
Como participar
Ela acrescenta que é essencial que as crianças compartilhem sobre o que e como estão lendo, seja com adultos, seja com outras crianças. Para Maria Amélia, esse processo é tão produtivo que não gera qualquer tipo de competição entre os grupos.
“Não vejo como a socialização poderia fomentar algum tipo de competição. Mas, se isso ocorrer, compete aos adultos fazer a mediação adequada, explicar que a arte é sempre um processo coletivo e que o bacana da experiência literária é a possibilidade de compartilhar com outros as nossas impressões. Saímos mais enriquecidos, mais inteligentes, mais abertos desse processo”, explica a professora.
Quando o aluno é mais novo, às vezes o livro só vai trabalhar com figuras, como explica Gracinda. Por esse motivo, é interessante que os pais participem perguntando à criança o que está acontecendo em determinada gravura. Assim, ela cria referências e interpreta o que está vendo.
“Isso é muito importante nessa fase em que trabalhamos mais a oralidade. E influencia diretamente o comportamento dessa criança quando for escrever o seu primeiro texto. Se ela se dedicar a esses exercícios desde cedo, a redação sairá mais tranquilamente, porque ela terá um bom repertório”, avalia Gracinda.
E a escola?
A diretora pedagógica defende que é possível que a criança também se interesse pelo assunto a partir da dinâmica que é adotada em sala de aula. Ela diz que sempre conseguem aliar esse trabalho com música, por exemplo, e que isso faz toda a diferença.
“Também temos um projeto semanal em que cada turma da escola apresenta um trabalho cultural que está sendo desenvolvido. Um fala de meio ambiente, o outro de poesia e por aí vai”, revela.
Maria Amélia concorda em misturar a literatura com outras facetas culturais em trabalhos, que podem ser até interdisciplinares, mas com uma ressalva: “Eles não podem ser concorrentes”. Ela revela que, às vezes, o mercado possui uma gama extensa de ofertas, o que pode fazer com que a criança queira usufruir de tudo ao mesmo tempo.
No entanto, nem sempre isso é positivo, porque a criança pode não conseguir administrar todas as tarefas. “É preciso que alguém mais experiente seja o mediador do processo de desenvolvimento crítico e criativo”, conclui.