Poucas bebidas causam sensações tão diferentes. O café é unanimidade entre os brasileiros, mas muita gente ainda confunde os dois principais tipos da bebida produzidos no Brasil: o arábica e o conilon.
Para começar a explicar as diferenças é preciso falar dos maiores produtores de café do país. Minas Gerais lidera a produção de café arábica, enquanto o Espírito Santo é o maior produtor de conilon. O ES também apresenta o cultivo de arábica nas regiões de montanha com destaque à qualidade.
Como a altitude influencia diretamente na produção do grão, o arábica prefere as terras mais altas e frias, acima de 600 metros de altitude. Já o calor de grande parte das terras capixabas, próximas ao nível do mar, é propício para o cultivo mais resistente do conilon.
O arábica produz uma bebida reconhecida por seu requinte, com sabores mais intensos e variados entre doçuras e acidez. Contudo, um café 100% arábica não é garantia de bebida gourmet (especial), justamente devido a sua delicadeza, que pode ocasionar baixa qualidade quando o trato não tiver sido adequado.
Já o conilon resulta em uma bebida mais persistente e tem o dobro de cafeína. Apesar de não ter tanto sabores variados como o arábica, tem surpreendido pelo tom exótico de algumas produções de pequenos produtores. Geralmente os preços estão abaixo do arábica.
É através dessas duas espécies, combinadas entre elas (blend) ou não, que são produzidos os sabores distintos dos cafés. A indústria faz esse papel de entender as preferências dos consumidores e apresentar matérias-primas com características que se harmonizam entre si ou que são apresentadas de modo exclusivo. “Claro que há outras variáveis no processo que impactam diretamente no resultado, como a torra, mas a receita da matéria-prima é o que permitirá acesso ao mundo de sabores e aromas que poderemos enaltecer e explorar no processamento”, frisa Adauto W., degustador de café.
O arábica ocupa maior espaço na preferência, sendo responsável por três quartos da produção mundial de café, enquanto o conilon é apresentado na grande maioria formando blends com o arábica.
No Brasil, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, a produção de café ficou em 45 milhões de sacas em 2017, sendo 35 milhões de sacas de arábica e cerca de 10 milhões de sacas de conilon. O município de Brejetuba é o maior produtor de arábica no Espírito Santo e Jaguaré o maior de conilon.