Ouro Preto

Ouro Preto

A barroca Ouro Preto é uma cidade que reluz entre as montanhas mineiras. As ruas de pedra polida, as ladeiras estreitas com casas no estilo colonial e as torres de igrejas que formam o maior conjunto barroco do mundo são apenas um aperitivo de tudo o que a cidade pode proporcionar aos visitantes. E é também aqui, entre igrejas bordadas em ouro e museus que guardam inúmeras relíquias da história do Brasil, o ponto inicial da nossa viagem pela Rota Imperial São Pedro de Alcântara rumo a Vitória.

A estrada, construída há dois séculos para ligar Ouro Preto e Vitória, foi a primeira ligação oficial permitida entre as duas cidades, mas só com o declínio da exploração do ouro. Antes disso, era proibido abrir estradas na “barreira verde” de matas que naturalmente protegiam as riquezas do território de Minas. Até então, abrir estradas na região poderia facilitar o acesso de saqueadores a Ouro Preto.

A Rota Imperial, que não tem começo e fim estabelecidos – foi construída em Minas e no Espírito Santo ao mesmo tempo, se encontrando no meio do caminho –, proporcionou a criação de cidades, facilitou o trânsito de tropeiros com suas mercadorias e já foi até cruzada (e elogiada!) por visitantes ilustres, como Dom Pedro II, em sua longa viagem de Minas para Santa Leopoldina. Hoje, é formada por trechos inutilizados, estradas de chão usadas por produtores rurais e ruas asfaltadas.

Para quem parte de Ouro Preto, como nossa equipe fez, o início da Rota Imperial é um convite a viajar no tempo. A partir da Praça Tiradentes, ponto central da cidade, tudo o que se vê em volta traz a sensação de que o local parou no tempo. Cada janela funciona como moldura para as namoradeiras que repousam como se contemplassem o estilo barroco.

Cada igreja guarda artes sacras em madeira e pedra-sabão, altares com pinturas de artistas anônimos ou muito conhecidos da região e decorações em ouro (muito ouro!), que são apenas uma fagulha do que restou das oficiais 800 toneladas extraídas da cidade e enviadas à corte portuguesa no século XVII. Esses templos religiosos, que são vários na cidade, encantam de qualquer ângulo que se olhe. Por dentro são verdadeiros museus em plena atividade. Por fora, cenários perfeitos para fotos e para inspirar os artistas da atualidade.

Um desses artistas é o pintor Rômulo Silva, 56. Há 35 anos ele organiza suas tintas na calçada da Igreja São Francisco de Assis, que atualmente abriga o museu com as obras mais conhecidas do escultor Aleijadinho. Rômulo pinta sempre a mesma fachada da igreja, mas usa várias cores, formas e estilos diferentes.

  • Rômulo Silva, pintor
    Rômulo Silva exibe suas pinturas
  • Rômulo Silva, pintor
    Ele conta que exibe sua arte há 35 anos, no mesmo local
Fechar
Cheguei, comecei a pintar, e estou há 35 anos. Ouro Preto tem muita energia, tudo o que tem aqui faz bem aos olhos. Já me chamam até de Alexandrino, sobrinho do Aleijadinho", brinca Rômulo.

Do outro lado da mesma rua, outros moradores também produzem obras de arte, esculpindo objetos em superfície de pedras pintadas na Feira de Pedra-sabão. "Aprendi no olho. A gente pinta a pedra toda e depois vai riscando com um prego, desenhando as formas e "bordando" a peça, que pode demorar de um dia a quatro meses para ficar pronta", conta a artesã Rose Dias, que vende objetos de R$ 10 a R$ 800 na feirinha.

  • Rose Dias, artesã
    Rose Dias, uma das artesãs de pedra-sabão.
  • Rose Dias, artesã
    Detalhe da escultura em pedra-sabão.
Fechar
Aprendi no olho. A gente pinta a pedra toda e depois vai riscando com um prego, desenhando as formas e "bordando" a peça, que pode demorar de um dia a quatro meses para ficar pronta", artesã Rose Dias

O início da nossa viagem é assim: entre os cerca de 70 mil habitantes de Ouro Preto, é impossível saber quantos vivem da arte e do turismo. Outros tantos são jovens universitários, que se dividem em mais de 500 repúblicas oficiais registradas na cidade e dão um ar moderno à cidade que aparenta ter parado no século XVII.

Natureza

Cachoeira no Parque Municipal das Andorinhas.

Mas nem só de centro histórico vive o extremo mineiro da Rota Imperial. Abraçada por serras de todos os lados, Ouro Preto também busca o caminho inverso dos séculos anteriores. Ao invés de explorar os recursos naturais para encontrar riquezas, hoje a cidade blinda o que restou para proteger regiões de nascentes e cachoeiras. Afinal, o ouro atual é a água, que também está em período de escassez.

O Parque Municipal da Cachoeira das Andorinhas, na região mais alta de Ouro Preto, é onde nasce o Rio das Velhas, maior afluente do Rio São Francisco. É também na região do parque, entre cachoeiras escondidas entre as pedras e uma vista panorâmica das serras mineiras, que está uma das pontas da estrada que liga a Vitória em 575 quilômetros de trilhas, estradas, cachoeiras, cidades e fazendas. Vamos seguir viagem?

Pedra do Jacaré, no Parque Municipal das Andorinhas, Ouro Preto.

Serviços

  • Hotel Fazenda Retiro das Rosas - Tel.: (31) 3553-1331
  • Pousada Bouganville - Tel.: (31) 3553-1545
  • Pousada Vila Rica - Tel.: (31) 3551-4729
  • Solar Cláudio Manuel Pousada - Tel.: (31) 3551-3500
  • Solar do Rosário - Tel.: (31) 3551-4288 ou (31) 3551-5040
  • Pousada do Mondego - Tel.: (31) 3552-7700
  • Solar das Lajes - Tel.: (31) 3551-3388
  • Pousada Minas Gerais - Tel.: 0800-702-5506 ou (31) 3551-5506
  • O Passo - Tel.: (31) 3552-5089
  • Pastifício Mamma Roma - Tel.: (31) 3551-2940
  • Pimenta Rosa - Tel.: (31) 3554-2220
  • Bar Barroco - Tel.: (31) 3551-3032
  • Cafeteria e Livraria Cultural - Tel.: (31) 3551-1361
  • Chão de Minas - Tel.: (31) 3553-1384
  • Museu da Inconfidência: instalado no prédio da antiga Casa de Câmara e Cadeia, tem 16 salas temáticas.
  • Casa dos Contos: antiga casa de pesagem e fundição do ouro extraído na região
Top