Deixando Venda Nova do Imigrante, voltamos um pouco na Rota Imperial até Domingos Martins. É que a cidade divide a rota em dois ramais: o antigo, que vai até o Rio Santa Maria; e o novo, que vai até o porto de Vitória passando por Viana e Cariacica.
O município de Domingos Martins é o que tem o maior trecho de Rota Imperial no Espírito Santo: são mais de cem quilômetros de extensão, passando por dez distritos: Barcelos, São Rafael, Tijuco Preto, Alto Rio Ponte, Schwans, Pena, Pedra Branca, São Miguel e Biririca e Biririca de Baixo. E na cidade mais conhecida da Região Serrana, a Rota Imperial é uma oportunidade de desbravar novos cantos martinenses, novas pessoas, fora do eixo tradicional.
Monumento ao colono na praça do centro do município de Domingos Martins.
Um desses pontos que muita gente transita e não se dá conta da importância é a rua Dom Pedro II, na sede da cidade. O nome da rua não é uma simples homenagem ao nosso imperador. Lá ainda está de pé, no número 163, a casa onde Dom Pedro se hospedou em 30 de janeiro de 1860, durante uma visita à região para saber como estavam as condições dos primeiros colonos em Santa Isabel, distrito de Domingos Martins. História pura!
Antiga casa onde Dom Pedro II se hospedou no município de Domingos Martins.
Mais distante da sede, na localidade de São Bento do Chapéu, quem passa rapidamente de carro vê uma plaquinha pequena da mercearia dos Ribet. A merceria tem 75 anos, fica dentro da Rota Imperial e é um local no mínimo curioso, que já foi ponto de parada de tropeiros. Sabe aquela tradicional venda da roça onde se encontra de tudo um pouco? Pois é, a Mercearia Ribet consegue ir além. Lá consegue ser ao mesmo tempo bar, lanchonete, material de construção, armarinho e supermercado. Ufa!
A variedade de produtos é tamanha que fica difícil saber para onde olhar. Bebidas, brinquedos, pregos, chinelos, farinha... Os proprietários até criaram uma regra básica de sobrevivência e memorização: quando alguém retira algo do lugar, deve avisar a todo mundo, para que tudo seja encontrado facilmente na hora de vender. “Dia desses mudamos o freezer de lugar. Ainda estou me acostumando”, conta Tereza Ribet, 61 anos, que comanda a venda junto ao marido.
Tereza Ribet e família, donos da Mercearia Ribet
Detalhe para um caderno de anotações de 1947, onde eram registradas as compras fiadas
“É tanta coisa aqui dentro que, há algum tempo, encontramos um caderno com anotações de fiado. O caderno tem anotações de 1947. A pessoa pegava fiado o ano inteiro e pagava assim que vendia a safra de café. Hoje não dá mais para fazer isso. Quem vai confiar?”, brinca a proprietária.
Outro ponto que merece visitação é a Cascata do Galo, na comunidade do Galo. Ela é de fácil acesso e fica à beira da estrada asfaltada. E para quem tiver tempo e quiser ir um pouco mais longe, o distrito de Santa Isabel, às margens da BR-262, revela aos visitantes o aroma e a beleza das orquídeas. São várias, de todas as cores e tamanhos. Algumas são incrivelmente pequenas, com menos de uma polegada. E os valores giram em torno de R$ 25 a R$ 55.
Visão da Cascata do Galo.
“A gente sempre recebe muitos turistas na nossa sede. Mas a Rota Imperial surge como uma potencialidade para mostrar o interior do município, que também é rico em história e belezas naturais. Temos belas paisagens e toda a nossa cultura ao longo desses cem quilômetros”, Daiane Alves, secretária de Cultura e Turismo de Domingos Martins.
Para quem mora às margens da rota no território martinense, a hora é de ter novas ideias. Foi o que fez a família de Edinéa Kuster Lampier. Há cerca de um ano ela construiu na propriedade da família um imponente restaurante. O restaurante Fazenda Imperial leva o nome em homenagem à própria Rota Imperial, e surgiu como alternativa para os turistas que já começaram a desbravar a rota na cidade. Quem não iria gostar de saborear uma deliciosa tilápia com legumes depois de um dia de passeio com um visual inspirador? “O restaurante fica entre dois marcos da Rota Imperial. Estamos trabalhando bastante para atender bem. A rota merece uma boa opção para comer”, comenta Edinéa.
Restaurante Fazenda Imperial fica entre dois marcos da Rota.
Mas a cidade também merece que o visitante dê uma escapada da Rota Imperial. Afinal, ir a Domingos Martins sem visitar o Parque Estadual da Pedra Azul é fazer uma viagem incompleta. Com trilhas acessíveis, paisagens únicas e a Pedra do Lagarto, o parque recebe escolas, turistas e moradores de diversas partes do Estado e do país. É um colírio às margens da BR-262, antes de seguir viagem e voltar para a rota.
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