A de “atenção para a estrutura física”. B de “Base Nacional Comum Curricular (BNCC), você sabe o que é?”. C de “converse bem antes de decidir”. Nas lições para a escolha da escola dos filhos, o abecê ensinado por educadores aos pais é didático: procure aquela que esteja alinhada aos valores da sua família e ofereça espaço e atividades adequadas.
É essa proposta que a pedagoga, mestre em Educação e psicanalista Jane Haddad toma por pilar em seu trabalho, inclusive nas consultorias prestadas a quem está em busca da “matrícula perfeita”.
“Conheçam a escola em movimento, vejam as atividades acontecendo. Os pais podem ir lá nesse primeiro momento e, a partir da segunda visita, levar os filhos para conhecerem também”, recomenda.
Nesta era, às voltas com a educação 4.0, a especialista lembra um traço do saber contemporâneo: a unidade de ensino já não apresenta sozinha as informações diante de tantas mídias à disposição. Ela é um canal a mais. “Então, como a escola ‘candidata’ ajuda o aluno a construir um trabalho de autonomia intelectual? Não adianta apontar os muitos computadores, os tablets. Isso é meio, não é fim. Mas qual a proposta pedagógica, a relação dessas crianças e jovens com a aprendizagem e essas ferramentas?”
No tour pelo ambiente escolar, já é possível perceber se os alunos têm autonomia, se estão felizes, se a estrutura é bem cuidada e se existem áreas criativas e bem planejadas para cada fim, ressalta a diretora pedagógica da Crescer PHD, Claudia Bachour Santos Neves. “E os horários oferecidos de atendimento como o integral, o estendido e o full time, com refeições balanceadas e planejadas por nutricionista, também podem ser de grande importância para aqueles alunos que permanecem aos cuidados da instituição em período maior”, complementa.
E as tão faladas novas diretrizes da BNCC? Os educadores também frisam a relevância de se perceber se as práticas sociemocionais lá inseridas estão sendo levadas em conta, entendimento compartilhado pelo diretor da Escola Siena, José Geraldo Gaurink Dias.
Segundo o diretor, é importante, desde cedo, levar em consideração a formação humana da educação 4.0, integrando as áreas de humanas e exatas. E não só na teoria. “A partir dos 6 anos, as crianças têm aulas de empreendedorismo, por meio de dinâmicas, aulas, eventos. Tudo voltado para isso”, explica.
José destaca ainda a importância da visita dos pais nas unidades de ensino antes de tomarem qualquer decisão. “É importante que os pais agendem as visitas para que um profissional da escola seja escalado para acompanhá-lo”, completa.
Quanto aos diferenciais demandados pela educação infantil, a diretora pedagógica do Centro Educacional Viver, Cândida Pereira, chama a atenção para a localização. “Oferecer fácil acesso é relevante. Assim, os carros não têm problemas para estacionar a qualquer hora do dia e os pais não ficam limitados ao ‘leva e pega’. Eles entram na escola. Isso facilita o contato entre família e escola. Essa relação não se restringe à porta. Os pais entram a hora que quiser, e isso favorece a integração.”
Para ajudar
Confira algumas dicas a se levar em conta antes de efetuar a matrícula do seu filho
A cada etapa do ensino, uma necessidade:
- Para a primeira infância, observe bem o espaço e a forma como a unidade atua no trabalho lúdico. Veja a qualificação dos professores, se têm formação continuada, se estão lá há muito tempo (isso é vantagem), se são profissionais satisfeitos, salientam Jane Haddad e Cândida Pereira
- No ensino fundamental, há uma necessidade maior de agregar o aluno. Informe-se sobre os trabalhos de campo e as experiências extraclasse
- No ensino médio, um ponto determinante é como essa escola dialoga com o adolescente
Proposta pedagógica da escola x Valores da família:
Precisam estar alinhados. Os pais devem ser perguntar: “Quero que meu filho se forme na vida escolar pra quê? Ele precisar ser o melhor? E de que forma? A qualquer preço? Faço questão de que meu filho construa laços de amizade na escola ou ele já tem outros círculos sociais que lhe garantem isso?”, aponta a pedagoga Jane Haddad. Se a família é conservadora e a escola segue a linha socioconstrutivista, por exemplo, há grande possibilidade de conflito, reforça Cândida Pereira, da Viver
Referências na internet e com amigos:
Procure visitar blogs, redes sociais e outros canais de divulgação da escola. Ouça opiniões de pais com filhos lá estudando, orienta José Geraldo Gaurink Dias, da Escola Siena. E cuidado: essa avaliação alheia é importante, mas use seus filtros, pondera Jane. Às vezes, uma análise negativa de conhecidos nem sempre reflete a realidade. Pode ser resultado de algo pontual, como algum problema procedente apontado por professores ou direção que não foi bem digerido pelos pais
Radar ligado:
O acolhimento e a proximidade da escola e supervisores com os alunos são fundamentais para o desenvolvimento da inteligência emocional. Os adolescentes são os que mais precisam de um olhar atento, pois estão em construção de personalidade, ensina Claudia Bachour, da Crescer PHD. Projetos em grupo devem se destacar em uma escola que visa a acompanhar as tendências de um mundo moderno, que prepara o aluno para solucionar problemas, corrigir estratégias e compartilhar conhecimento com a sociedade em que está inserido, diz.
Educação infantil e seus diferenciais:
O ambiente físico na educação infantil tem um peso ainda maior. A sensação térmica deve ser agradável, com ar-condicionado à disposição e na temperatura adequada e piso térmico para garantir o bem-estar das crianças – as menores ficam bastante em contato com o chão. Verifique, ainda, se os brinquedos encontram-se em bom estado e se os pátios são amplos, indica Cândida
Alimentação e cuidados:
Em escolas de tempo integral, isso deve ser levado ainda mais em conta. A família deve pedir informações sobre o preparo dos alimentos,
se a escola repassa o cardápio da semana. “Quem elabora esse cardápio? De que forma isso é acompanhado no dia a dia da criança. É preciso indagar esses itens”, complementa Cândida, do Centro Educacional Viver
Fonte: Cândida Pereira, diretora pedagógica do Centro Educacional Viver; Claudia Bachour Santos Neves, diretora pedagógica da Crescer PHD; Jane Haddad, pedagoga, psicanalista e mestre em Educação; e José Geraldo Gaurink Dias, diretor da Escola Siena
