Creche não é mais lugar só para brincar

Pensando no futuro, o ensino infantil está mais focado no desenvolvimento da criança

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Um lugar para a criança brincar, alimentar-se e ser higienizada. Durante muito tempo esse foi o conceito de creche. Hoje, a escola de educação infantil tem muito mais que brincadeira e cuidados básicos. Isso porque, estudos mostram que essa fase escolar é riquíssima para o desenvolvimento humano. Na Grande Vitória, por exemplo, já há até mesmo creches que desenvolvem projetos de educação do trânsito para crianças de 2 anos. Os pais garantem: o aprendizado é tanto que os pequenos passam as lições até para motoristas.

Pesquisas que mostram a importância da educação na primeira infância não faltam. Dana McCoy, professora da Escola de Educação da Universidade Harvard, liderou o estudo que identificou que crianças com acesso à educação infantil de qualidade tiveram menor índice de repetência, menos necessidade de reforço escolar e mais chances de se formarem no ensino médio.

Segundo a pesquisa, uma educação infantil de qualidade permite que as crianças desenvolvam habilidades sociais, emocionais e cognitivas que as ajudam a ter mais sucesso na vida escolar. Por isso, por mais que as atividades propostas pelos professores pareçam despretensiosas, trazem lições que são levadas para a vida toda.

Em Vitória, por exemplo, a creche a Upuerê trabalha o projeto “Educação no trânsito” para as crianças de 2 anos com atividades variadas relacionadas ao tráfego. Ao longo do projeto, os pequeno conhecem algumas placas de sinalização e recebem informações sobre a importância do uso da cadeirinha de carro e do cinto de segurança.

Consciência

Para a servidora pública federal Cíntia Barcelos Silveira Saudino, 38, mãe de Maria Luiza Silveira Saudino, de 2 anos e 10 meses, não é preciso esperar a criança crescer para ensinar. Ela conta que a filha, mesmo muito nova, já tem consciência das leis de trânsito que aprende na creche e passa o conhecimento para motoristas no dia a dia.

“Eu vim de uma educação bem tradicional e sempre pensei em colocar minha filha em uma escola tradicional também. Mas tudo muda, o mundo evolui, e a gente tem que evoluir junto. Não tem que esperar a criança crescer para ensinar. Eles brincam muito, e relações interpessoais são importantes. Todo dia ela chega em casa cheia de novidades e disposta a nos ensinar também. São coisas que ela aprende hoje e vão ficar para sempre na memória dela”, acredita.

Fase que requer mais cuidados

“Até os 2 anos, nós temos uma fase oral do desenvolvimento. Tudo é fixo na oralidade, seja a forma de demonstrar raiva, medo ou curiosidade. Nessa
época, somos capazes de aprender várias coisas, boas ou ruins, que podemos levar para a vida toda.  Se conhecemos adultos que falam, comem ou bebem exageradamente é porque, provavelmente, eles não tiveram até os 2 anos
uma educação psíquica adequada.

A primeira infância também é uma fase onde a criança espelha-se em quem está ao redor dela. É a fase na qual ela mais precisa de afeto, toque, cuidados,
palavras e valorização. Por isso é importante que os pais saibam que a escola ensina, mas é a base familiar que educa.

Já a escola tem a importância da socialização, que vai fazer com que a criança não seja retraída ao entrar na adolescência. Muitas vezes, os pais não querem frustrar os filhos por vários motivos. Nesse momento que a escola entra, ensinando a socializar, dividir, fazer amizades, ser educado e respeitar as diferenças. É importante lembrar que o preconceito é instituído quando ainda somos crianças. Da mesma forma, a empatia e o respeito também são ensinados na primeira infância”.

Cassia Rodrigues
Psicóloga, psicanalista e terapeuta familiar.

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