A música é uma linguagem universal. Presente em diversos momentos do cotidiano, é uma das primeiras formas de arte e linguagem a fazer parte da vida de uma criança, desde o seu nascimento.
Desde 2008, o ensino de música nas escolas brasileiras de educação básica é uma obrigatoriedade, com a aprovação da Lei Nº 11.769. Quando aliada à educação formal, a música deve ser compreendida como uma área do conhecimento, que, assim como as demais matérias, requer estudo, prática e reflexão, podendo ter grande impacto no aprendizado de outras competências, como memória, linguagem e inteligência.
De acordo com o psicoterapeuta Gerson Abarca, especialista em psicologia educacional, para que o ensino da música tenha impacto no desenvolvimento intelectual, ele deve ser um processo evolutivo, que acompanha todas as fases da criança, de acordo com a idade e conhecimentos em outras áreas. Além disso, é importante que as atividades tenham um objetivo, e não sejam exclusivamente de caráter recreativo.
“Não adianta colocar processos de aprendizados com muitas regras em crianças muito novas. Até o ensino fundamental I, a escola deve investir no lúdico, levando o aluno ao encantamento com aquele assunto, despertando o desejo de aprender. Depois disso, a questão musical já pode envolver habilidades mais específicas de aprendizado, como partitura ou aprender um instrumento específico, estudar letras, assim como em um processo de alfabetização”, explica.
O psicoterapeuta também chama atenção para a influência do ensino musical no aprendizado de outras habilidades. “A criança que se dedica ao aprendizado de instrumentos musicais desenvolve o potencial cerebral muito mais intensamente. Aprender um instrumento é complicado, estimula o cérebro e colabora para o desenvolvimento de outras áreas, potencializando habilidades, como cálculo e psicomotricidade”, conclui.
Socialização
O Centro Educacional Primeiro Mundo prioriza a música em seu currículo. De acordo com a instituição, ela é um “meio de auxiliar os alunos na socialização, na sensibilização à estética, à criatividade, à concentração e, principalmente, à resposta consciente ao fenômeno sonoro”. Assim, as aulas são inseridas na grade, desde o ensino infantil, e vão desde a musicalização até oficinas de canto, flauta doce, flauta transversal, musicalização, piano, teclado, violão e violino.
Desenvolvimento da oralidade e do ritmo
Na infância, o aprendizado se dá por meio da experiência. No Centro Educacional Viver, a música é apresentada à criança como linguagem que promove o encontro do “ser” com sua própria história, cultura e conhecimentos, possibilitando ações prazerosas, de aproximação, de interação, de desenvolvimento da oralidade, ritmo e movimento. A escola trabalha com aulas de Ritmo e de Movimento e Musicalização.
“Nas aulas de ‘Ritmo e Movimento’, crianças de 4 meses aos 6 anos, movimentam objetos, imitam sons em uma determinada cadência e, já maiores, vão descobrindo seu ritmo motor, por meio dos campos dos movimentos e da música. Durante as aulas, são utilizados diferentes objetos, fitas e tecidos que promovem sensações e percepções do corpo”, explica a diretora pedagógica Cândida Pereira.
Segundo a diretora, com essa dinâmica de trabalho, os alunos percebem que o próprio corpo é um potente instrumento para a produção de sons, como forma de objeto de sonorização e de autopercepção. Já nas aulas de ‘Musicalização’, a escola trabalha vivências musicais com a prática de diversos instrumentos, desenvolvendo a acuidade auditiva (a escuta), a teoria e a apreciação musical.
“A música ajuda a construir o desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e cultural, possibilita criação, momentos de interações com rodas e cantigas, prazer e releituras textuais. Uma produção textual musical pode ser trabalhada e explorada no processo ensino-aprendizagem, por exemplo, possibilitando ao aluno ser o protagonista, seja como compositor ou ouvinte, e auxiliando no processo de escrita e leitura”, completa.