Os alunos como os protagonistas das aulas

Com aulas mais estimulantes, metodologia ativa aposta na resolução de problemas com alunos no centro do processo. Professor exerce papel de incentivador

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Escolas do Espírito Santo têm usado estratégias didáticas para passar o conteúdo com mais eficácia, de forma a prender mais a atenção do aluno e a desenvolver o pensamento crítico.

O modelo tradicional de sala de aula, com professores explicando conteúdo, alunos fazendo anotações e provas, vem deixando de ser predominante nas escolas do Espírito Santo. Novos modelos de ensino, que propõem um maior protagonismo do estudante e colocam o professor mais como um auxiliar na aprendizagem do que como reprodutor de ideias, estão ganhando força. São as chamadas metodologias ativas.

Estudantes do Americano durante aula com metodologia ativa
Estudantes do Americano durante aula com metodologia ativa

Mas de que forma esse método se mostra eficaz? Estudos mostram que existem maneiras diversas de aplicação, mas todas se baseiam na ideia de que, para além das aulas expositivas, é importante inserir os estudantes em um ambiente colaborativo e participativo, trabalhando em grupos para resolver problemas concretos e desenvolver conteúdos.

Para isso, pode ser feito um debate ou até mesmo um jogo, em qualquer disciplina escolar. “A aprendizagem baseada em problemas tem dado muitos resultados. Envolve um cenário de investigação, grupos tutoriais e de pesquisa. É uma forma de levantar o interesse do aluno em buscar o conhecimento”, pontuou a mestra em Educação pelo Instituto Federal de Educação do Espírito Santos (Ifes) e especialista em Planejamento Educacional e Gestão Educacional, Josilene Erlacher Werneck Machado.

A metodologia ativa já é uma realidade na Escola São Domingos, em Vitória, há algum tempo. O integrante do conselho pedagógico da instituição e gerente administrativo, Henrique Romano Carneiro, explicou que os resultados têm sido bem positivos.

“Acaba não se tratando apenas de trabalhar o conteúdo. Além de serem desenvolvidas maneiras mais interessantes de explorar as disciplinas, os professores podem trabalhar também as capacidades socioemocionais dos alunos, o pensamento crítico, a oratória. Tudo isso contribui para o desenvolvimento”, definiu.

Vale lembrar que na metodologia ativa o aluno precisa saber se autogovernar e buscar no professor um apoio para o seu desenvolvimento. Ela propicia maior interação em sala de aula e exige comprometimento da turma para que todos possam se desenvolver. O resultado é a motivação na sala de aula.

O professor de geografia do Colégio Americano Keilymar Laurindo Martins usou a metodologia ativa para tornar mais atrativa a explicação do funcionamento do Estado, em turmas de 8º ano. Eles foram divididos em grupos, sendo cada um deles responsável por um poder, mas tinha também o governante.

“Os alunos tinham não só que desenvolver o sistema, mas também leis, reger o Estado. Foi criada uma moeda chamada sagui e, com ela, também, o problema da corrupção, pois começaram a desviar dinheiro”, explicou o professor.

Os estudantes levaram tão a sério que, ao final do projeto, o aluno governante sofreu um impeachment. “Os colegas julgaram que ele não cumpria corretamente a função, defendia corruptos. Então resolveram tirá-lo do poder. Eles entenderam como a corrupção funciona”, disse.

O projeto durou três meses e terminou com uma feira, para apresentação e discussão dos resultados. Mas, para que projetos assim deem certo, o professor também tem que se capacitar para além do conteúdo.

Projeto tem sala com ferramentas para resolução de problemas por estudante

A necessidade de inovar e prender a atenção dos estudantes levou a Escola São Domingos, em Vitória, a montar uma sala bem diferente para a implantação de um projeto, o The Box. Idealizado pela equipe pedagógica da instituição, o método pode ser usado por qualquer professor para compreensão de qualquer conteúdo, sempre instigando os alunos ao raciocínio.

Coidealizador do projeto, o gerente administrativo Henrique Romano Carneiro explica que o método The Box se dá em etapas. “É exposto um problema, e os alunos são divididos em grupos para encontrar uma solução. Na sala, eles têm todo o material para auxiliar nisso, como computadores e lousa. Depois de um tempo determinado pelo professor, a solução é apresentada para a turma e, ao final, eles têm um feedback do professor. O objetivo é aumentar a participação e engajamento dos estudantes, tanto no entendimento do problema, quanto na capacidade de propor solução”, explicou.

Durante a maior parte do tempo, o educador fica na posição de observador, atento a todas as ações da turma. O projeto está em andamento na escola desde a metade do ano passado e também está sendo feito um trabalho de capacitação dos professores.

Segundo Henrique, o retorno dos alunos está sendo bem positivo. “Hoje trabalhamos o método com adolescentes de 13 a 17 anos, mas nosso objetivo é expandir para as séries iniciais, pois tem dado muito certo. Os estudantes gostam da dinâmica, fica mais interessante para eles. Antes de se propor como uma revolução, o The Box põe em evidência as práticas daquilo que sempre foi visto como uma boa aula.”

"O objetivo é expandir o método par as séries inicias, pois está dando certo."

Henrique Romano Carneiro, co-idealizador do The Box

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