A vivência em escola, hoje, vai muito além das quatro paredes da sala de aula. São momentos em que a aprendizagem extrapola a relação professor/aluno, incluindo novas vozes, experiências, sons, cheiros, visões e, consequentemente, novas ideias e pensamento crítico. Segundo especialistas, os estudantes passam a ter noção de que o mundo é um amplo espaço educativo.
“Quando você leva um aluno para uma aula de campo, as hierarquias são quebradas e ele passa também a ser protagonista do momento. Não tem mesa e nem cadeiras, e ele sente cheiros, toca, conversa com colegas, tira dúvidas, explora e manipula ferramentas culturais. Tudo isso torna o aluno um pequeno cientista”, explica o pós-doutor em ciência e educação Carlos Roberto Pires Campos.
Em sua proposta pedagógica, o Centro Educacional Leonardo Da Vinci oferece aos alunos saídas do ambiente, para estudo, desde as séries infantis. De acordo com a instituição, os pequenos passam a ter maior noção de sustentabilidade, natureza, plantio, alimentação saudável, grupos alimentares e comércio por meio de excursões pedagógicas que vão desde um espaço de preparação de mudas até o supermercado.
A partir do Ensino Fundamental, eles começam a participar de viagens, que segundo o professor de língua portuguesa Paulo de Tarso, fogem completamente do quesito turismo.
“São aulas de campo. Os alunos aprendem um conteúdo em sala de aula e podem ver na prática como acontece. São viagens de estudo, de conexão, de imersão. Eles vão para Santa Teresa, região de Ouro Preto, por exemplo, e lá se apropriam da história local, geografia, fauna e flora e projetos de empreendedorismo”, destaca o professor.
Formar cidadãos
A percepção do que está do lado de fora das quatro paredes da sala de aula também é uma preocupação do Centro Educacional Primeiro Mundo. O coordenador de Projetos e Olimpíadas Científicas, João Carlos Moraes, explica que os conteúdos abordados nos passeios ajudam a formar cidadãos completos.
“Além de todo o currículo escolar comum, na escola nós também trabalhamos com conteúdos que envolvem indústrias, serviços, urbanização, alimentação saudável e economia. Então, visitar espaços que são comuns no mundo adulto, mas com uma pegada diferente, é muito importante. Trabalhamos essa questão da vivência e eles absorvem melhor”, diz.
João Carlos explicou ainda que, nos projetos fora da escola, a equipe pedagógica se preocupa com os mínimos detalhes de percepção dos alunos, desde o trânsito até os conhecimentos mais palpáveis do conteúdo tradicional escolar.
O coordenador também garantiu que tudo é feito com muita transparência para os pais. “Hoje, 90% dos pais deixa os filhos fazerem essas viagens com a gente porque hoje é muito mais fácil acompanhar, muito mais fácil o contato, a transparência. Nós estamos sempre mandado fotos e vídeos das atividades para eles, colocando nas redes sociais. Tudo é feito com bastante segurança, e isso gera uma confiança nas famílias.”
"Propomos a formação do cidadão local, mas com consciência universal"
Até viagens internacionais no roteiro de estudos
Em meio à grande oferta de roteiros, algumas escolas realizam até excursões internacionais com os alunos. O Leonardo da Vinci, por exemplo, acumula larga experiência em viagens, contemplando destinos dentro do país (como Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo) e fora dele (América Latina, Europa Ocidental, Leste Europeu e países nórdicos, além de Japão e China).
Mas para quem acha que é moleza, a verdade está longe disso. As viagens não têm cunho turístico. Os roteiros são repletos de atividades culturais, observações e pesquisas de campo.
João Carlos Moraes, coordenador de Projetos e Olimpíadas Científicas do Colégio Primeiro Mundo, que também realiza viagens longas para séries mais avançadas, reforça a questão: “Não tem nada de turismo. É uma oportunidade de eles aprenderem o conteúdo na prática, e também contribui para o amadurecimento e a união entre os alunos”, explica.
Mais atividades
No Leonardo da Vinci, além das atividades de aprendizado, os próprios alunos fazem a cobertura jornalística do evento para tornar públicas as resoluções alcançadas no decorrer dos trabalhos. “O que nós propomos é a formação do homem integral. Do cidadão local, mas com consciência universal. Que o aluno esteja no contexto escolar, mas tenha uma visão do entorno, senão fica muito alienado”, explica o professor do Leonardo da Vinci, Paulo de Tarso.
A escola ainda proporciona que os alunos participem de fóruns, que são modelos de simulação da ONU mediante formação de comitês diplomáticos. Temas relevantes são discutidos para encaminhamento de propostas de resolução que simulem iniciativas diplomáticas e abordem aspectos humanitários e desafios internacionais.