Competir é um assunto delicado quando os envolvidos são crianças e adolescentes. Nas fases de construção do caráter e espírito colaborativo, a participação dos pequenos em disputas, onde sua capacidade é colocada à prova, deve ser pesada e acompanhada de perto por pais, responsáveis e escola.
Uma das alternativas para estimular a competição de forma saudável são as olimpíadas escolares, que envolvem conteúdos do currículo escolar e testam habilidades, como concentração, raciocínio rápido e resolução de problemas.
No Colégio Sagrado Coração de Maria, em Vitória, a participação dos alunos em competições, como olimpíadas de matemática, concursos de redação e até em disputas internacionais, é visto como uma forma de preparar os estudantes para as etapas que definirão seu futuro, como provas, vestibular e entrevistas.
“É uma forma de entrar em contato com outros tipos de avaliação, feitas por outros profissionais, estar diante de outros candidatos e saber lidar com a questão da tensão, do inesperado, que ele vai encontrar muitas vezes pela vida”, explica Silvana Bizzo, coordenadora pedagógica do colégio.
Segundo Silvana, investir nessas competições têm trazido bons resultados para os alunos e para a instituição. Um exemplo é a estudante Maria Clara Biccas Braga, da 2ª série do ensino médio, que foi convidada a participar da seleção para a Olimpíada Internacional de Astronomia.
Depois de conseguir uma boa nota na etapa brasileira, a aluna foi chamada para participar das seletivas online para compor a equipe que representará o país no evento internacional. “A escola sempre nos incentiva a tentar, pois isso faz com que a gente busque mais informações. Faz descobrir o quanto não sabemos ainda, faz querer correr atrás e aprender”, comenta.
Trabalhar a confiança
Na opinião da coordenadora pedagógica, a exposição à possibilidade de vitória ou derrota ensina a lidar com os diversos desafios que serão enfrentados para o amadurecimento. O contato com os colegas, o vestibular e também o mercado de trabalho.
“As olimpíadas proporcionam contato com alunos de outras realidades escolares, ensinam competição saudável, participação, tudo isso faz com que o aluno se complete como estudante. Traz mais segurança, mostra o que precisa melhorar, deixa o aluno mais confiante, preparado, ligado no que está acontecendo no mundo, e até abre o horizonte profissional”, completa.
Projeto de xadrez melhora o aprendizado e forma futuros cidadãos conscientes
Além das olimpíadas, projetos dentro das escolas com a mesma proposta tem surtido efeito. Um exemplo é o “Trilhas da Aprendizagem”, do Colégio São José, em Vila Velha. Nele, a escola insere o jogo de xadrez na grade escolar para preparar o aluno para que seja capaz de tomar decisões em situações que exijam bom raciocínio lógico, aprimorando o pensar e a formação de cidadãos conscientes.
“O projeto tem me ajudado a desenvolver o raciocínio lógico por se tratar de um jogo de conflito, me levando a pensar em quais peças devo sacrificar para poder ganhar o jogo. Fazendo uma analogia com minha vida, me ensina a pensar antes de agir e saber previamente as consequências de cada ato”