Durante muito tempo, o Espírito Santo liderou um ranking que não nos dá o menor orgulho: o da violência contra a mulher. Com o objetivo de mudar essa realidade, creches da Grande Vitória já investem na consciência de crianças que, desde muito pequenas, aprendem a respeitar não apenas as mulheres, mas outras minorias.
De acordo com a pedagoga Scheila Lima, que atua no Centro Educacional Agostiniano, em Vitória, o modelo de educação infantil vem sofrendo mudanças significativas, adquirindo qualidade pedagógica, com socialização e valores importantes para toda a vida.
“A educação na primeira infância é muito importante, e elas aprendem brincando. É nesse período que a criança torna-se crítica e aprende a viver em sociedade. Diferentemente do modelo antigo, onde era prezado apenas o cuidar, hoje as escolas criam uma rotina que auxilia no crescimento dos alunos. Por isso, é importante que eles estejam inseridos nessa realidade pedagógica o quanto antes”, afirma.
Scheila completa que, por meio dos projetos promovidos pela escola, com leituras e socialização nas brincadeiras e alimentação, as crianças aprendem a dividir. Esse aprendizado é refletido na vida adulta, fazendo com que elas se tornem adultos mais empáticos e menos egoístas.
Assim como o Agostiniano, a Upuerê Educação Infantil vê essas mudanças na educação infantil e investe no trabalho de valores com os pequenos. Segundo a instituição, o objetivo é formar indivíduos capazes de produzir e criar, e não apenas de repetir… Por isso, a escola estimula o interesse e a curiosidade das crianças, propondo os mais diferentes tipos de experiências, potencializando o desenvolvimento de todas as capacidades, respeitando a diversidade e as possibilidades dos diferentes alunos.
Contra a violência
Se os índices de preconceito e violência são altos, essa realidade pode mudar se os temas forem debatidos ainda na primeira infância, de acordo com Scheila Lima. Pensando nisso, o Centro Educacional Agostiniano criou a Campanha da Fraternidade, que aborda temas como violência contra mulher, idosos, crianças e no trânsito.
“Trabalhamos esses temas com crianças de todas as idades, inclusive na primeira infância. As de 2 ou 3 anos podem participar dos projetos dos alunos mais velhos, numa forma lúdica e compreensiva, com histórias e peças teatrais. Mesmo, às vezes, um pouco dispersos, eles conseguem compreender o respeito ao próximo, o respeito com as meninas… Dessa forma, acreditamos que eles serão adultos respeitadores”, acredita.
A pedagoga completa que a campanha envolve ainda trabalhos de conscientização no trânsito, além de debates sobre respeito as diferenças, com arrecadação de doações aos mais carentes.
“Falamos sobre violência contra o idoso, contra crianças, respeito aos moradores em situação de rua… E ainda estimulamos os trabalhos sociais, como arrecadação de doações para pessoas que vivem nas ruas ou crianças mais carentes. A nossa ideia é educar os pequenos que irão respeitar o outro independentemente de quem ele é. E acredito que está funcionando, tanto que casos de bullying em nossa escola é praticamente zero”, comemora.