Por meio das viagens pedagógicas, o aluno passa por experiências que vão enriquecer o seu currículo escolar e ainda ampliar seu olhar sobre o mundo que o cerca. Fora do ambiente da família ou da escola, o aluno, durante uma viagem pedagógica, desenvolve responsabilidade, exercita a socialização, a participação e a liderança, busca soluções para problemas e é estimulado a fazer uma análise crítica daquilo que observa.
Segundo o pós-doutor em Ciência e Educação Carlos Roberto Pires Campos, essas aulas que ultrapassam os limites da escola podem ser investigativas ou ilustrativas, quando o conteúdo é introduzido em sala de aula e depois os alunos são levados a conhecerem na prática.
Mas as viagens não devem ser tratadas apenas como visitas ou turismo. “É sempre importante passar atividades durante a aula e depois do retorno para a escola. Esses momentos têm que ajudar o estudante a desenvolver espírito crítico e curiosidade. E precisam levar o aluno a pensar, a questionar, a interagir com o meio”, destaca o pós-doutor.
“É uma metodologia pedagógica bastante desafiadora. O estudante enfrenta medos, pois está fora do seu ambiente. E, por isso, é importante que as atividades nessas aulas sejam realizadas em grupos, ainda mais pela socialização, pela discussão de ideias. O professor também cresce em campo, pois é um momento que não tem como trabalhar com o improviso”, completa.
Para o professor, o ideal seria que cada turma participasse de, pelo menos, duas aulas de campo durante o ano. “Um aluno que vai para campo volta diferenciado, supera muitos desafios. Na verdade, a equipe toda volta diferente”, finalizou.
Esse contato com o exterior também ajuda em experiências importantes na vida do estudante, como a preparação para enfrentar exames oficiais, como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), em que o aluno deve conhecer o contexto geral e buscar a melhor solução para os desafios propostos.
Dinheiro
Mas quem vê grandes viagens já pode pensar em custos. Afinal, uma para fora do Estado e até mesmo internacional não é para qualquer um na atual situação do país. Mas especialistas apontam que não é necessário um gasto alto.
Em entrevista ao site Educar para Crescer, a professora sênior da Faculdade de Educação e do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo Nídia Nacib Pontuschka afirma que não há lugares específicos para as viagens e saídas pedagógicas serem desenvolvidas, até uma caminhada pelo bairro vale a pena. As visitas a museus, cinemas, teatros e locais históricos também são consideradas saídas pedagógicas que ampliam o repertório cultural do estudante além dos muros da escola, fator importante para a formação integral do aluno cidadão.
Aprendizado fora da sala
Qual a importância das viagens pedagógicas?
As saídas permitem que a criança entre em contato com certas dimensões da realidade que não estão nos livros. O foco acadêmico dessas atividades é desenvolver nos estudantes habilidades importantes para a sua formação integral.
Os roteiros são apenas para o turismo e lazer?
Não, os roteiros são repletos de atividades culturais (visita a museus, igrejas, parques temáticos e expressões culturais nos locais visitados), observações e pesquisas de campo (sobre arquitetura e patrimônio, estilo de vida, formas alternativas da economia, vocação das cidades, etc.). O lazer está lá, mas as atividades são guiadas para o aprendizado.
Não há lugares específicos para as viagens e saídas pedagógicas serem desenvolvidas de forma significativa. A saída pode ser, por exemplo, uma simples caminhada pelo bairro onde a escola está localizada ou ao supermercado e cinema próximos. Tudo dependerá do foco da atividade e o que se está estudando.
Como é feito o planejamento dessas viagens?
As instituições de ensino planejam as saídas e viagens pedagógicas e educacionais, de acordo com o projeto e os objetivos a serem desenvolvidos em cada nível escolar. É um trabalho, muitas vezes, interdisciplinar que integra as diversas áreas do conhecimento a fim de proporcionar uma aprendizagem mais ampla aos alunos, permitindo-os conexões entre assuntos aparentemente sem nenhuma ligação.
No Espírito Santo
Centro Educacional Primeiro Mundo
Os passeios culturais acontecem para alunos do ensino médio. Os alunos da 1ª e da 2ª séries realizam uma viagem pedagógica e de lazer a cada ano.
Colégio Leonardo da Vinci
No âmbito do fundamental I, a viagem tradicionalmente oferecida é para Santa Teresa, no caso do 4º ano. Estão em estudo outros destinos e roteiros, inclusive em âmbito internacional, sempre vinculados às configurações do currículo e às necessidades da formação integral.
No âmbito do fundamental II, as viagens atualmente oferecidas são para Campos do Jordão, para o 5º ano; Belo Horizonte e Matozinhos, para o 6º; Ouro Preto e Congonhas, para o 7º; Petrópolis, para o 8º; e Vale do Paraíba e São Paulo, para o 9º.
Para o ensino médio, a viagem oferecida é internacional.