A nova Base Curricular e os desafios da educação

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Priscila Boy
Pedagoga, mestre em Educação, escritora e palestrante

Em dezembro de 2017, foi homologada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Infantil ao 9° ano do Ensino Fundamental. A BNCC é um documento normativo que define o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. A base não é currículo. Ela é o alvo, aonde se quer chegar. As escolas deverão construir os seus currículos, tendo a Base como referência.

1 – A estrutura da Base
Ao longo da Educação Básica, os alunos devem desenvolver dez competências gerais que estão divididas em cognitivas, comunicativas e socioemocionais, ou seja, o ser humano deve ser visto de forma integral.

2 – Educação Infantil
A Educação Infantil possui dois eixos estruturantes: interações e brincadeiras. Nessa etapa são apresentados seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, sendo eles conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Para atender aos direitos, a BNCC propõe uma organização por meio de cinco campos de experiências. Em cada campo de experiências, são definidos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, ou seja, aonde se quer chegar.

3 – Ensino fundamental
O Ensino Fundamental está organizado em cinco áreas do conhecimento. Para cada uma delas são apresentadas competências específicas. Para garantir o desenvolvimento das competências específicas, cada componente curricular apresenta um conjunto de habilidades. Essas habilidades estão relacionadas a diferentes objetos de conhecimento – aqui entendidos como conteúdos, conceitos e processos – que, por sua vez, são organizados em unidades temáticas. Um princípio norteador da Base é a progressão dos conteúdos, portanto é muito importante desenvolver um trabalho coletivo na escola, onde haja diálogo entre os segmentos, para evitar rupturas. Durante os Anos Inicias do Ensino Fundamental fica claro o objetivo de valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, apontando para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo. Durante os anos finais, os estudantes se deparam com desafios de maior complexidade, sobretudo devido à necessidade de se apropriarem das diferentes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às áreas. É hora de consolidar as aprendizagens sistematizadas nos anos iniciais.

4 – Desafios e novidades
A Base sinaliza que o conhecimento deve estar a serviço do desenvolvimento de competências. O conteúdo isolado perde espaço para o desenvolvimento de habilidades, ou seja, ele deve ser colocado dentro de um contexto em diálogo com as práticas sociais.
A diversidade humana deve se observada pela escola. Aplacar todas as formas de preconceito, combater o racismo, ressignificar o papel dos negros e índios, incluir os deficientes, enfim, educar para uma sociedade inclusiva e democrática. A tecnologia também aparece com muita força no documento. Pensar em ambientes virtuais e digitais e novas metodologias, também é uma proposta que a Base nos traz.

5 – Avaliações
As escolas serão avaliadas por meio de avaliações externas: Saeb e Enem. As matrizes dessas avaliações serão revistas e estarão em consonância com a proposta da BNCC. Escolas públicas e privadas deverão se preparar para estas avaliações.

6 – Oportunidades
A Base nos traz muitos desafios, mas, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade: reformular os projetos pedagógicos das escolas, dialogar com os anseios e necessidades do séc XXI, ou seja, pensar uma escola onde todos possam realmente aprender. É uma oportunidade de fazer diferente, para fazer diferença.

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