Preparação para um futuro promissor

Preparação para um futuro promissor

Como nasce um profissional do futuro? Ele deve estar aí, na sua casa, brincando, assistindo a um desenho animado na TV ou talvez até provando que domina o celular melhor que você. É essa galerinha que vai ocupar os postos de trabalho na Indústria 4.0; alguns, talvez, em profissões que nem imaginamos que irão existir. E a preparação para isso começa nas escolas e até mesmo nas creches.

Inglês, robótica, empreendedorismo e, principalmente, colocar a mão na massa – o chamado ensino  maker – são alguns dos principais ingredientes da educação 4.0, que já é uma realidade em algumas das principais escolas da rede particular do Estado.

A palavra de ordem é tornar os alunos protagonistas do próprio aprendizado, adotando um modelo diferente do que estamos acostumados a ver nas escolas, no qual o professor fala e os alunos só ouvem. Assim como no ensino superior, as chamadas metodologias ativas ganham força.

A ideia é promover nos estudantes o desenvolvimento das competências soft skills, como pensamento crítico, resolução de problemas e criatividade. Por outro lado, há também o entendimento de que uma geração que já nasceu lidando com as telas e tecnologias dificilmente será atraída pelo modelo tradicional de ensino.

“Nosso mundo passa por uma grande transformação digital, também chamada de Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial, que conecta o mundo digital ao mundo real. Para as empresas, essa revolução traz mais produtividade e flexibilidade, mas também um desafio enorme para as gerações que estão e as que irão ingressar no mercado de trabalho.

Quando falamos de pessoas, é importante ter cuidado com o processo de formação delas, o que cria um grande desafio para as instituições de ensino daqui por diante”, explica Mateus Freitas, superintendente do Sesi-ES, que em sua rede de escolas abarca diversas metodologias voltadas para essa formação do futuro profissional.

A robótica é uma das aliadas nesse processo. Escolas como o Sesi, o Colégio Brasileiro de Excelência (Cobe) e o Salesiano trabalham a disciplina em diferentes etapas do currículo. O objetivo é fazer com que os estudantes desenvolvam raciocínio lógico, criatividade, trabalho em equipe e um pensamento voltado para resolver problemas complexos, além de lidar com uma ferramenta que deve estar cada vez mais presente no futuro. Na Rede Sesi, a partir de 2020, a robótica deve ser ensinada aos alunos desde o 3º ano do Ensino Fundamental em um projeto piloto. Atualmente, a disciplina está presente desde o 5º ano. Já no Salesiano, ela é trabalhada principalmente com os alunos do ensino integral.

“Essa parte tem uma pegada muito importante, que é a de raciocínio lógico, de trabalhar na mente do aluno que é possível modificar, inovar, acreditar em algo novo. Isso tudo vai ajudá-lo em uma decisão futura, naquilo que ele quer ser, porque, a partir desse aprendizado, o estudante vai desenvolver um raciocínio crítico”, explica a supervisora pedagógica do 1º ao 5º ano do ensino fundamental I do Salesiano de Jardim Camburi,  Gyselle Massini.

A escola também incentiva os alunos a refletir sobre as profissões que conhecem, com a ajuda dos próprios familiares, conhecendo o que fazem e qual a importância daquele trabalho para a sociedade. “Além disso, temos a consciência de que os alunos precisam estar preparados para outras profissões que existirão no futuro, tendo raciocínio lógico apurado e curiosidade aguçada e colocando realmente a mão na massa”, completa.

No Colégio Brasileiro de Excelência (Cobe), além de robótica, as  metodologias ativas estão presentes desde a Educação Infantil, envolvendo ainda cenários e ambientes diferentes de aulas, de acordo com o diretor Fernando Cobe. “Estive recentemente no Canadá e vi que a diferença na educação do primeiro mundo é que lá os alunos são protagonistas no aprendizado. Eles usam as metodologias ativas; é isso que estamos trazendo para cá”, revela.

Uma novidade que o colégio está importando do exterior são as aulas de Steam (Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematics ou Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) para o Ensino Médio, muito difundidas nos EUA e no Canadá.

“Vamos trazer para os alunos conceitos desse mundo digital, das tecnologias, inteligência emocional, design thinking, tecnologia 4.0 e  marketing digital. É um conteúdo totalmente inovador. Os estudantes vão trabalhar sempre ativos. Isso vai dar uma grande contribuição para o desenvolvimento de habilidades e formação para a vida e para o Enem”, explica Cobe.

Ele destaca que os alunos terão a oportunidade de se envolver em cenários práticos com empresas parceiras. Além disso, vão trabalhar conceitos de política dentro do Steam, o que é uma exclusividade da escola. Segundo o diretor, desde o 6º ano, os alunos já vão se envolver com aplicativos e  robótica desde a Educação Infantil.

O uso de games nas aulas também é uma estratégia crescente. No Sesi, um dos destaques é um jogo que prepara para o mercado de trabalho, o “Lean Game”. Por meio dele, os estudantes conhecem o ambiente empresarial e são instigados a pensá-lo de uma forma sustentável e a buscar respostas para questões que vão enfrentar no futuro.

No Cobe, os alunos têm aulas de robótica. Escola está trazendo conceitos do Canadá para a grade curricular. | FOTO: Cobe/Divulgação

Empreendedorismo

Uma das características muito importantes para os profissionais do futuro é a capacidade de empreender, o que está fazendo as escolas inserirem disciplinas ou conceitos de empreendedorismo ao longo da formação dos alunos. Na Rede Sesi, os estudantes têm essas aulas do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Nelas,  precisam criar “negócios” diferenciados. O intuito é desenvolver a responsabilidade com questões financeiras e a capacidade de idealizar e coordenar projetos.  No Salesiano, o tema também é trabalhado desde o primeiro ano. Os professores motivam os alunos a entenderem o que é preciso para realizar seus sonhos e a terem ideias de aplicar o que já se tem.

A escola também conta com a disciplina de Educação Financeira. Os alunos são treinados desde os primeiros anos do Ensino Fundamental para administrar o dinheiro  e perceber a importância do bom uso, assim como do trabalho. “Já é uma projeção daquilo que ele pretende ser e como se comportar no futuro como profissional. Nossos alunos começam a poupar e a ter noção do que é preciso, do que é necessidade, do que é desejo. Algo que também é extremamente importante para o futuro profissional deles”, ressalta Gyselle Massini.

Estudantes colocam em prática o aprendizado

Uma educação em que os alunos colocam a mão na massa para aprender e, mais que isso, produzir algo concreto. Em espaço próprio, eles criam soluções e produtos com base em desafios apontados pelos professores ou em necessidades diárias da sociedade e das escolas. Esse é o ensino maker, o novo queridinho das escolas dentro das metodologias ativas. Nesses espaços de criação, as ferramentas não são só lápis, papel, caneta e computador, mas podem também incluir de martelo, pregos e furadeira a impressoras 3D.

“No nosso novo Ensino Médio, os alunos vão ter seus escritórios. Vão ser divididos em grupos, e cada um deles  terá o seu, com computador, quadro, painel. Ali vai desenvolver os seus projetos. Quando precisar de algo prático,  vai para a sala maker, onde terá as ferramentas para desenvolvê-lo.  Além disso, laboratórios de informática e ciências estarão à disposição”, comenta Fernando Cobe, ao falar sobre as novidades para 2020.

Toda a metodologia maker é baseada no design thinking, uma ferramenta que permite resolver problemas, realizar projetos e desenvolver produtos a partir do processo cognitivo. No Sesi, os alunos trabalham utilizando, por exemplo, peças de Lego ou elementos da robótica. Cada unidade no Estado conta com um espaço desse tipo.

“Essa forma de ensino disruptivo adotada pelo Sesi ajuda na transmissão e na formação das chamadas soft skills, já tão cobradas dos profissionais pelas empresas. São habilidades que vão além do conhecimento técnico, como capacidade de autoaprendizado, pensamento criativo, colaboratividade e gestão do tempo, entre outras”, comenta Mateus Freitas.

A cultura maker está presente no Salesiano desde os primeiros anos. Os alunos são instigados a construírem coisas a partir da teoria que veem na sala de aula, por exemplo: como se faz um vulcão. Com a mão na massa, eles percebem como tudo funciona.  Os próprios laboratórios têm essa cultura maker no seu DNA.

“Mais importante que uma sala maker específica é termos os espaços já existentes usuais para o maker. Temos o laboratório de ciências e de matemática e a  sala de tecnologia. E até mesmo as próprias salas de aula podem ser transformadas em mão na massa. É algo que aqui perpassa todos os ambientes da escola”, comenta Gyselle.

Preocupação com o currículo domina as instituições de ensino

Além do domínio da tecnologia  e do desenvolvimento de novas habilidades, outro quesito que tem ganhado importância no mercado de trabalho é a fluência em inglês. Com isso, muitos pais têm procurado e as escolas, oferecido, modelos de ensino bilíngues, nos quais, além de português, as crianças  aprendam desde cedo um segundo idioma. Até 2019, o Salesiano tinha duas aulas de inglês semanais do 1º ao 5º ano. A partir de 2020, a escola passará a adotar o programa bilíngue, tendo em vista que o inglês já não pode ser considerado mais um artigo de luxo, independentemente da profissão que o aluno vá escolher. Mesmo nas aulas lecionadas atualmente, a preocupação é mostrar sempre a parte prática do idioma.

“Em inglês,  ensinamos a escrita, mas transmitimos também a clareza de onde aquilo é aplicado, como o aluno se comunica. Daí promovemos várias atividades para mostrar essa aplicação: por exemplo, fazer um bolo, mas falando apenas em inglês, colocar em prática o que se está estudando”, comenta Gyselle.

O Sesi, por sua vez, já oferece aos alunos um programa de ensino bilíngue, com carga horária da disciplina três vezes superior à tradicional. A escola defende que esse tipo de ensino ajuda a aumentar a bagagem cultural dos estudantes, desenvolver habilidades de escuta e sensibilidade a linguagens, além de aumentar a memória e a capacidade de executar múltiplas tarefas.

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