O fato de ter a audição ainda perfeita aos 68 anos de idade é um grande motivo de satisfação para seu Jessé Fernandes. Ele sabe que precisa ter ouvidos funcionando bem para curtir sua grande paixão: a música. “Sempre gostei da grandes vozes, de musicais, de orquestras”, conta o aposentado.
Se você já passou dos 60 anos de idade, pode ter percebido que não consegue escutar mais da mesma forma que antes. É normal que, com o passar dos anos, isso aconteça. Mas não é preciso sofrer com esse problema.
“A perda auditiva é algo inerente ao processo de envelhecimento. Geralmente, a partir dos 60 anos já começa alguma alteração. Mas se há histórico familiar, pode haver um início mais precoce”, explica o otorrinolaringologista da MedSênior Henrique Faria Ramos.
Outros fatores, segundo ele, podem piorar ou antecipar o quadro, como a exposição intensa a ruídos e as complicações de doenças crônicas bem comum em idosos, como o diabetes e a hipertensão, por exemplo.
“Se essas doenças estiverem descontroladas, há chance de afetarem a audição. E não só a audição, como também a visão, os rins”, cita o médico.
O problema, diz, é progressivo. Ou seja, tende a ficar pior com o tempo. Mas a gravidade varia entre os casos.
Muitos idosos encaram melhor essa condição. Alguns, porém, acabam se isolando. “O paciente sente que não consegue mais participar das conversas e passa a evitá-las. Isso pode levar até à depressão”, cita Ramos.
E acontece também de, em vez de receber apoio das pessoas do convívio, o idoso ser alvo de preconceito. “Infelizmente, a perda auditiva às vezes é motivo de piada. As pessoas começam a reclamar que ele não escuta. E ele começa a ter vergonha de perguntar, de pedir para repetirem o que disseram”, comenta o especialista.
A falta de compreensão faz com que muitos idosos nessa situação deixem de procurar ajuda médica. “Eles não querem ter um aparelho auditivo aparente na orelha”, diz Ramos.
Além disso, de acordo com o médico, esses aparelhos não são de fácil adaptação, como os óculos. “Os aparelhos exigem testes, treinos. Mas na maioria dos casos, essa adaptação é favorável”, afirma o otorrinolaringologista.

Prótese
Não existe tratamento para frear o problema na audição. A prótese, porém, amplifica e melhora a qualidade dos sons.
“O paciente com essa queixa precisa fazer uma audiometria, que é um exame que mede a gravidade da perda auditiva, em quais frequências ela está acometida. Só então é possível indicar o aparelho”, observa Henrique Ramos.
A família, é claro, também pode colaborar para que o idoso sofra menos com esse incômodo, que é natural da velhice. “Os familiares e cuidadores devem conversar olhando para a pessoa, e não enquanto andam pela casa. E também não devem falar tão baixo”, orienta.
Saiba
- Sinais
A pessoa não consegue mais acompanhar as conversas como antes e passa a pedir para os outros repetirem o que disseram. Pode ter dificuldade para entender o que dizem ao telefone. Costuma aumentar o volume da televisão mais do que o normal.
- Impacto
Muitos, por vergonha da nova condição, podem fingir que escutam ou preferem até evitar as conversas, buscando o isolamento. Sem apoio, acabam não procurando ajuda médica
- Ajuda
Familiares e cuidadores podem ajudar a minimizar esse incômodo do idoso com pequenas atitudes, como falar olhando diretamente para ele, e não enquanto andam pela casa, de costas. Falar num tom um pouco mais alto, sem gritar, é outra medida
- Aparelho
Não há um tratamento para a perda da audição, que só tende a piorar. Mas os aparelhos auditivos atuais podem garantir uma melhora nos sons, ajudando, por tabela, na qualidade de vida do idoso