É de pequeno que se aprende a Cooperar

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As cooperativas mirins reproduzem todo o processo de criação das grandes organizações, disseminando entre os estudantes importantes conceitos como empreendedorismo e liderança

Assembleias, estatuto, eleição da diretoria e do conselho fiscal: nas cooperativas educacionais, alunos reproduzem a experiência de criação de uma organização, proporcionando a vivência do cooperativismo na prática.

Na Cooperativa Educacional de Linhares (CEL), o professor Vinícius Ferreira Santi é o orientador do grupo que criou uma cooperativa de doces – a Coopemcel – para comercializar pipoca e palha italiana. Para chegar a esses produtos, foi feita uma pesquisa de mercado com a comunidade escolar.

Para produzir, os alunos pesquisaram preços e passaram por oficinas para padronizar a produção dos doces. “Nessas atividades, eles aprendem um pouco sobre empreendedorismo, marketing e controle de caixa. O objetivo não é o lucro, mas o aprendizado”, destaca Santi.

A diretora pedagógica da unidade, Queila Gomes Zorzanelli,  ratifica o posicionamento do professor. “Estamos preparando novos gestores e empreendedores. O cooperativismo prepara novos líderes e novas formas de gestão.”

No 8º ano do ensino fundamental, Arthur Oliveira França, 13 anos, sabe da responsabilidade que tem, após ser eleito secretário da comissão fiscal. “Eu queria aprender mais sobre o cooperativismo e sobre educação financeira, que é fundamental no nosso dia a dia. É muito importante ter esse conhecimento, e também saber cooperar e dividir. Você ajuda ao próximo, não apenas a si mesmo”, diz.

Secretária escolar e professora orientadora da cooperativa mirim da Coopesg Robusta, em São Gabriel da Palha, Simone Aparecida Rigo ressalta que cada etapa do projeto é um aprendizado, da assembleia que constituiu a cooperativa (Coop-União) à gestão dos recursos da venda do chup-chup gourmet.

“Convidei uma pessoa da comunidade que vive disso para dar uma oficina, e ela ensinou os alunos a lidar com os ingredientes. Depois, fomos ao mercado ver o preço”. A professora disse ainda que, embora as crianças recebam sua orientação, não pode induzi-los a nada. “Eu lanço ideias, mas são eles que chegam à decisão.”

Cada um dos 57 cooperados mirins contribuiu com R$ 10. Quando o estudante conclui o projeto, ele pode resgatar o valor ou destiná-lo para o fundo da cooperativa.

Em Santa Maria de Jetibá, além da cooperativa mirim – na qual são produzidos e vendidos biscoitos decorados – a escola Cooperação também participa do Programa Cooperjovem, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). “O objetivo é despertar nos educadores e educandos consciência sobre cooperação, auxiliando na organização e desenvolvimento de projetos nas escolas”, observa a diretora, Amanda Schulz Wruck.

Conceitos

Parceiro do projeto, o Sicoob acredita que ele contribui para o fortalecimento de três pilares que passam a acompanhar os estudantes por toda a vida: o cooperativismo, o empreendedorismo e a liderança.

“Quando esses conceitos são trabalhados ainda na infância, as pessoas crescem mais conscientes da necessidade da união para alcançar metas em comum”, ressalta Sandra Kwak, superintendente institucional do Sicoob ES.

 

“Nessas atividades, eles aprendem um pouco sobre empreendedorismo, marketing e controle de caixa. O objetivo não é o lucro, mas o aprendizado” – Vinicius Ferreira Santi, Professor

 

Segurança e conforto no transporte escolar

 

A criação de cooperativas de transporte no interior do Estado trouxe mais  qualidade e segurança  ao serviço prestado

A Coopersules transporta diariamente mais de 20 mil crianças e adolescentes na Região Sul do Espírito Santo

Outro segmento que tem crescido no interior do Estado é o de cooperativas do setor de transportes. Com atuação em 11 municípios – Alegre, Guaçuí, Ibitirama, Vargem Alta, Jerônimo Monteiro, Presidente Kennedy,  Piúma, Cariacica, Viana, Fundão e João Neiva – a Cooperativa de Transportes da Região Sul (Coopersules) atende a mais de 20 mil crianças e adolescentes diariamente, segundo o vice-presidente da entidade, Wagner Jordain.

São estudantes das redes municipais, estadual e também do Ifes de Alegre. “Todos os motoristas são treinados, porque lidamos com vidas, e com vidas não se pode brincar”, ressalta Jordain. O vice-presidente da Coopersules, que foi fundada em abril de 2005, acrescenta que a atividade é importante para os cooperados e também para a economia local.

“A renda gerada pela cooperativa fica dentro do município. Além disso, na cooperativa tudo é mais transparente: todo mundo é dono e o cooperado sabe quanto ganha, quantos quilômetros roda, como funciona a licitação. É muito melhor do que em uma empresa.”

O presidente da Cooperativa de Transporte de Escolares e Passageiros de Aracruz (Cootrara), Guaracy Cecato, conta que, por dia, são conduzidos 3,2 mil alunos em 73 veículos, todos com monitores. “Todos os motoristas têm curso. O transporte é feito com segurança.”

A Cootrara foi criada há 14 anos com a intenção de atender a uma exigência da prefeitura na época, porque os contratos para transporte de alunos não poderiam mais ser feitos com pessoa física. “Optamos pela cooperativa. Cada um  tem seu veículo e cuida bem para que o serviço funcione.”

A organização da Cooperativa de Transporte Escolar de Vargem Alta (Cooteva), em 2006, também foi motivada pelas regras do município. Muitos dos cooperados são agricultores que têm, na nova atividade, um meio de complementar a renda. Hoje, o grupo atende oito escolas e conduz cerca de 1,2 mil alunos por dia.

 

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