Deixando o centro de Mariana, efetivamente entramos de cabeça na Rota Imperial. Assim que pegamos a estrada novamente no sentido leste, rumo ao Espírito Santo, chegamos ao distrito de Ribeirão do Carmo, um pequeno vilarejo de Mariana que não tem estrutura de hospedagem e alimentação. São poucas casas em apenas uma rua principal.
Entre Ribeirão do Carmo e o distrito de Monsenhor Horta está o primeiro trecho mais complicado, em que a Rota Imperial ainda está quase intocada pelo homem até hoje. Sem casas e sem iluminação, o indicado é passar pelos cerca de 20 quilômetros do trajeto durante o dia. É que a estrada é de barro, tem cerca de três metros de largura e contornada por árvores, formando uma espécie de túnel verde.
Só é possível acessar o caminho até Monsenhor Horta atravessando um riacho raso e tendo um veículo com tração 4x4, pois a pista é prejudicada pela erosão e tem ladeiras bastante acentuadas. No caminho é possível ver apenas carvoarias em funcionamento, pastos com gado e até lhamas! Portanto, anote aí: uma máquina fotográfica na mochila é uma boa ideia.
Estrada entre Ribeirão do Carmo e Monsenhor Horta, um dos trechos mais complicados da Rota.
A recompensa de atravessar um caminho estreito e de difícil acesso vem logo à frente. Num ritmo próprio, carregando seu carrinho de mão cheio de lenha sem pressa na estrada que dificilmente vê carros, surge seu Carlinhos. O garimpeiro, de 49 anos e batizado de Antônio Carlos Rosa, é a simpatia em pessoa e dá informações como ninguém sobre como chegar às próximas localidades passando pela Rota Imperial.
Dom Pedro? Olha, ele pode ter passado por aqui. Mas se passou, não sei, não”, opina o garimpeiro Carlinhos
Seu Carlinhos só não sabe que a rota tem esse nome e, provavelmente, também não sabe quem já passou por ela. Após ser perguntado se conhecia a história de que aquela estradinha foi construída há 200 anos e que já foi cruzada até por Dom Pedro II, ele parou, pensou, sorriu e decidiu chutar, evidenciando que não conhecia o ilustre imperador. “Dom Pedro? Olha, ele pode ter passado por aqui. Mas se passou, não sei, não”, opina, antes de pegar seu carrinho de volta às mãos e seguir viagem.
Entre Monsenhor Horta e Furquim são cerca de 21 quilômetros, e já é possível cruzar os dois distritos por estradas asfaltadas e sinalizadas. Mas é importante pedir informações aos moradores da região, pois sempre há mais de uma estrada para chegar, com distâncias bastante diferentes.
Chegando a Furquim, o terceiro e último distrito dentro de Mariana, também por estrada asfaltada, seguimos para a cidade de Acaiaca, próxima parada da rota. São cerca de 4 mil habitantes no município, que faz parte da Zona da Mata Mineira. O local tem um pouco mais de estrutura que os pequenos distritos de Mariana. Há opções de hospedagem, de alimentação e de comércio. E também uma estação de trem,, curiosamente no alto da cidade, inaugurada em 1926 e que hoje é um centro cultural.
A partir de Acaiaca, o próximo destino é Ponte Nova. Mas seguimos pela estrada asfaltada em direção aos distritos de Felipe dos Santos, Matipozinho e Cedros, pequenos vilarejos da cidade de Barra Longa. São apenas algumas casas e fazendas de criação de gado no caminho, mas sem opções de lugar para se hospedar e sem restaurantes.
Ainda assim, sem estrutura para turismo, vale passar pelo trecho durante a noite. Como quase não há casas e também não há iluminação pública nas ruas - é interiorzão, mesmo -, a escuridão é grande. Por isso, vale a pena apagar o farol do carro em algum ponto mais alto de campo aberto e observar o céu estrelado. A sensação é única e não há estresse que resista.
Cafezal na região entre Manhuaçu e Manhumirim.
Serviços
- Guarapiranga Pallace Hotel - Tel.: (31)3817-2052
- Hotel Picpo - Tel.: (31) 3817-1789 ou (31) 3817-1542
- Hotel Milênio - Tel.: (31) 3881-7704
- Hotel Niquini - Tel.: (31) 99895-7653
Ponte Nova
Jequeri
- Scallada Churrascaria e Pizzaria - Tel.: (31) 3817-2869
- Galeto's Grill - Tel.: (31) 3817-4970
- Bar e Restaurante Labareda - Tel.: (31) 3817-1517
- Restaurante Niquini - Tel.: (31) 99895-7653
- Bar e Restaurante Popular - End.: Praça Tenente Mól, 20
- Ponto do Lanche - End.: Praça Senador Antônio Martins, 1
Ponte Nova
Jequeri
- Hotel Glória: com a revitalização, o edifício será sede de um grande centro cultural.
- As goiabadeiras: são registradas como Patrimônio Imaterial as goiabadas: Zélia, Sinhá Mineira, Christy, Jatiboca e Goiabada Vivinha.