Rebaixar o veículo aumenta riscos de acidente e prejudica desempenho

Trocar a suspensão ou alterar tamanho dos aros interfere na segurança do veículo
Rebaixar o carro, trocar a suspensão e aumentar os aros são alterações muito comuns para alguns admiradores de automóveis. Contudo, é preciso ter ciência que as adaptações podem interferir na qualidade e até na segurança do veículo.
Isso acontece porque tudo no carro é pensado por uma equipe de engenheiros e projetado na fábrica para que os motoristas e passageiros o aproveitem da melhor maneira possível. Quando há mudanças, os equipamentos de segurança e que garantem o desempenho correto do automóvel podem não surtir o mesmo efeito, resultando até em acidentes.
O gerente operacional da SME Serviços Mecânicos, Bruno Guerra, afirma que modificações no aro, por exemplo, podem alterar o consumo de combustível e a estabilidade. “Mudar o aro muda a geometria do carro. O veículo foi projetado para sair da fábrica e andar nas ruas com aquele aro específico. São feitos vários testes de segurança e consumo de combustível”, explica.
Bruno também chama a atenção para a questão da segurança. Quando o automóvel é rebaixado, por exemplo, os testes de segurança feitos pelo fabricante passam a ser inválidos. Assim, o carro fica mais vulnerável a acidentes e aquaplanagem em caso de chuvas. O mesmo vale para mudanças no aro. A perda de estabilidade pode aumentar o risco de perda de controle da direção e, consequentemente, elevar o risco de acidente.
Além do prejuízo na segurança, a qualidade da direção também diminui. Bruno afirma que o motorista pode perder a maciez na hora de dirigir. A suspensão também fica “seca”, ou seja, o amortecimento de impactos fica mais duro e pode atrapalhar no conforto de quem estiver no carro.
Atualmente, o mercado oferece kits de rebaixamento para que a personalização seja feita de forma mais segura e não apenas com o corte da mola. Contudo, os riscos continuam acompanhando o carro.
Carros de corrida
A principal característica dos veículos de corrida é o rebaixamento. Eles inspiram as personalizações dos carros de passeio, mas Bruno alerta que existe muita diferença entre os dois. “Em carros de corrida, tem alinhamento especial, buchas, amortecedores, tudo pensado para aquele tipo de carro. São estudados para isso.”
Os automóveis de corrida também andam em terrenos especiais. O asfalto das pistas é preparado para garantir a segurança dos competidores e o bom desempenho. Enquanto isso, a população anda em asfaltos irregulares, com quebra-molas e redutores de velocidade, que contribuem para o surgimento de problemas, pois podem amassar o fundo e arrancar peças, como o escapador.
Legislação
Personalizar o carro requer atenção também quanto às leis de trânsito. Cleber Bongestab, gerente operacional do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES), conta que o dono do veículo deve ficar atento a quais mudanças podem ser feitas.
“Algumas alterações precisam de autorização, outras não. E também há intervenções que são proibidas. Por exemplo: alterar o diâmetro do conjunto aro e pneu é proibido, não pode em hipótese alguma. Rebaixamento é possível, mas precisar ir ao Detran pedir uma autorização, levar o carro rebaixado a uma certificadora de qualidade, e voltar ao órgão para alterar a documentação do carro. Já a película de controle solar não precisa de autorização.”
As regras do Denatran e Contran estipulam até a altura do carro em relação ao asfalto, em caso de rebaixamento, por exemplo. O Contran determina que essa distância precisa ser maior ou igual a 100 milímetros.