Para especialistas, falta equacionar ao menos três fatores: preço dos veículos, oferta de pontos de abastecimento e manutenção
Que eles são o futuro da indústria automotiva, especialistas do setor não têm dúvidas. Em alguns países europeus, veículos a combustão deixarão de ser produzidos nos próximos anos, com metas a partir de 2025. O que muitos ainda não sabem ao certo é quando os carros elétricos vão virar realidade nas ruas brasileiras.
Para eles, falta equacionar ao menos três fatores: preço dos veículos, oferta de pontos de abastecimento e opções de locais para manutenção.
Para o diretor-geral do Motor Group Vitória, Renato Bello, esse é um caminho de médio prazo. “Vai acontecer, é o plano estratégico de todas as montadoras, um caminho sem volta. A transição entre o motor a combustão e o elétrico vai passar, primeiramente, pelo híbrido. Na Porsche e na BMW, por exemplo, até 2022, todos os carros serão pelo menos híbridos. É uma tendência mundial a qual, apesar das limitações, o Brasil certamente vai se adequar e vai acontecer. A médio prazo, a população verá a economia e terá a conscientização na questão ambiental”, afirma.
Ele acredita que o preço ainda é um entrave, por falta de incentivo por parte do governo quanto à tributação, já que a maioria dos modelos são importados. “Energia limpa deveria ter uma tributação mais leve, pró meio ambiente. Passado isso, é preciso investir na infraestrutura para recarregar a bateria elétrica, com vários postos. O cliente tem que se sentir tranquilo em fazer a compra.”
O diretor observa que é preciso criar facilidades para que condomínios também tenham postos de carregamento. Atualmente, lançamentos imobiliários estão inserindo essa tecnologia no projeto. Além disso, a EDP possui um posto de recarga de veículos elétricos no estacionamento externo da sua sede, na Enseada do Suá, em Vitória, e está instalando estações no Estado, em parceria com a Findes, por meio do Senai.
Já estão operando os eletropostos na Praia de Camburi, em Vitória, em Venda Nova do Imigrante, na Região Serrana, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, e Linhares, no Norte. São Mateus, Nova Venécia e Guarapari também receberão os equipamentos até o final deste ano.
Oficinas
Quanto à manutenção, como são carros recém-lançados e têm garantia de fábrica, as revisões são realizadas em concessionárias, com mão de obra especializada. “À medida que montadoras lançam carros elétricos e híbridos, as concessionárias devem se adaptar. Na BMW e Volvo, já temos os equipamentos e equipes treinadas”, explica Bello. Mas é preciso ampliar essa rede de oficinas especializadas.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do ES (Sindirepa), Eduardo Dalla Mura do Carmo, são necessários mais locais preparados para essa manutenção. Um grupo de 11 empresários capixabas do ramo já se mobiliza para capacitar os mecânicos e adquirir equipamentos. “O profissional passa a ser quase um eletricista. A manutenção é barata, pois o motor tem menos peças, é um sistema ligado a uma bateria.”