É possível instalar ABS e air bags em carros que não têm as tecnologias?

Itens que se tornaram obrigatórios no país em todos os veículos produzidos a partir de 2014, freios ABS e air bags são tecnologias que têm o objetivo de aumentar a segurança dos passageiros. Mas, e em carros mais antigos, fabricados antes dessa exigência? Será que é possível instalá-los, ampliando a proteção no trânsito?
Especialistas afirmam que não. Além disso, ressaltam que a tentativa pode, inclusive, ter o efeito contrário, aumentando os riscos em caso de acidentes. Mesmo em veículos que já contam com essa tecnologia em outras versões mais atuais, a instalação demandaria a troca de muitos componentes, o que inviabilizaria a mudança.
“Não é possível fazer essa instalação, pois não se trata de um acessório. São equipamentos de segurança ativa de alta tecnologia e sistemas de engenharia complexos. É o tipo de coisa com a qual não se deve brincar”, afirma Fábio Tessarolo, diretor da Renova Serviços Automotivos.
O sistema de freios do tipo ABS (do inglês, Antilock Brake System ou Sistema de freio antibloqueio) é mais eficiente que os freios convencionais, a tambor ou a disco, pois não trava as rodas, o que evita o deslizamento dos pneus sobre o asfalto.
O espaço necessário para a frenagem total do veículo é significativamente reduzido com o uso de ABS, o que torna esse tipo de equipamento mais seguro.
“Já o air bag contém componentes químicos, um tipo de gatilho que o ativa, sensores de desaceleração, módulo e dispositivos eletrônicos que funcionam de forma contínua, para acioná-lo em caso de colisão. É um mecanismo complexo”, alerta Tessarolo.
O especialista observa que, uma vez acionados os air bags, é preciso trocar essas peças por novas e genuínas, além de fazer a reprogramação de todo o sistema no veículo.
Riscos
O coordenador técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi/Brasil) da Mapfre, Alessandro Rubio, também afirma que não é possível fazer a instalação em veículos que não foram projetados para receber esse tipo de tecnologia.
“Isso porque os sistemas de air bag e ABS devem ser calibrados pela engenharia, levando em consideração a massa do veículo, suas características de carroceria e os principais tipos de colisões e acidentes”, destaca.
Ele acrescenta que existe, por exemplo, o chicote elétrico do veículo, que também é diferente, pois precisa ter as conexões de bolsas, módulos e sensores para a instalação de airbags e para o ABS.
“Qualquer alteração realizada no carro pode colocar em risco a segurança do motorista e também dos passageiros. A adaptação de equipamentos, principalmente aqueles relacionados à segurança, pode causar ferimentos graves aos ocupantes do veículo. Isso acontece pelo fato de o carro não ter sido projetado para suportar esse ‘novo’ equipamento”, frisa Rubio.