Com a velocidade que a roda do mundo gira hoje em dia, a empresa que não se atualiza está condenada a desaparecer. Mesmo que atualmente seja líder em sua área e tenha a preferência do consumidor, ela não pode fechar os olhos para a inovação. Mais do que uma palavra do momento, inovar é uma proposta de ação para as marcas que querem se consolidar no mercado e ter vida longa.
A inovação é uma estratégia de posicionamento de empresas que pautam não só o futuro, mas principalmente o hoje, segundo Juliana Gavini, diretora de Inovação, Tecnologia e Produtividade do Sesi e Senai.
“Pensar em inovação não é só olhar para frente, mas especialmente como se posicionar ao longo de todo esse processo. Porque inovação é um processo. Não adianta ser super disruptivo, ter ideia mirabolante e nunca mais desenvolver nada. Uma empresa inovadora trata a inovação de forma contínua, enxerga a inovação como parte do seu dia a dia e, principalmente, olha sempre para o cliente.”
Juliana aponta que é preciso pensar em inovação para se destacar no mercado. “É um elemento-chave para ganho de competitividade e posicionamento. Quando a empresa inova, consegue cumprir sua missão cada vez mais e melhor.”
Coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Ufes, Cláudio Rabelo observa que uma empresa inovadora é capaz de antecipar a tendência, compreendendo o ecossistema de seu negócio e de sua marca para além da simplicidade de um produto.
“Se as empresas compreenderem que não vendem jornal, mas informação; não vendem carros, mas soluções de mobilidade; não vendem barras de cereal, mas soluções para a saúde, conseguem facilmente se manter em mercados que se transformam rapidamente”, avalia o professor.
AMBIÊNCIA
Mas, para tanto, é fundamental uma mudança de paradigma. Diretor-executivo da UVV e professor de Marketing e Design, Jefferson Cabral ressalta que é necessário se desligar um pouco da estrutura rígida da definição de inovação e vivenciar uma etapa anterior, que é criar uma ambiência para inovar.
“É fundamental que essa cultura de inovação esteja internalizada nas pessoas, que possam se enxergar dentro dos processos, utilizando as ferramentas, integrando times multidisciplinares. Inovação não tem hierarquia: a participação vai do porteiro da empresa ao presidente. Mas é importante dizer que a principal cabeça – o presidente, o CEO, o dono – deve ser um patrocinador dessa cultura de inovação, senão acaba desperdiçando tudo de melhor para ambiência do seu negócio.”
E, para proporcionar esse ambiente inovador, Cabral indica a necessidade de ao menos três habilidades: cultura de dados, pensamento crítico e resolução de problemas complexos. O professor coloca ainda o foco em outro aspecto nesse processo. Ele diz que hoje trabalha-se muito a disseminação da inovação de uma maneira vinculada ao novo, de criar algo que não existe, e isso pode ser um elemento inibidor. “Às vezes, uma caixa de sugestões de ideias na entrada da empresa já é o grande passo para estimular a cultura de inovação”, exemplifica.
Presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Espírito Santo (Sinapro-ES), Fredy Calatrone Pessin tem visão semelhante. Em sua opinião, inovar não é, necessariamente, ter complexidade. “As boas ideias e as boas soluções são simples. Além disso, tem que ser algo viável para se concretizar. As pessoas hoje têm muita informação, muito conteúdo, muita opção. Então, tudo que simplifique a vida delas, será melhor.”
Na ArcelorMittal Tubarão, essa é uma prática que tem sido reforçada na rotina da empresa. “Diante do atual cenário, altamente competitivo, investir em inovação tem se mostrado um caminho viável e bastante eficiente para se destacar frente à concorrência ou mesmo identificar novos nichos de mercado”, pontua João Bosco Reis da Silva, gerente-geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais.
O executivo ressalta algumas ações adotadas pela empresa, como um centro de pesquisa que, segundo ele, tem lançado para o mundo inovações focadas nas indústrias automotiva, de energia, construção civil, entre outras.
“As ideias são pensadas e implementadas com parceiros locais, como universidades, entidades da área de tecnologia, laboratórios e clientes, e têm dois objetivos principais: alavancar a produção científica e buscar soluções sustentáveis. Dentre os projetos já bem-sucedidos estão aços mais leves e de maior resistência”, conta.
Maíra do Vale Machado, professora da Faesa e consultora de Marketing, finaliza: “as pessoas e organizações já entenderam a necessidade de sair de sua zona de conforto, de mudar o mindset (modelo mental).”