Num contexto social em que muitas vezes as mães também fazem o papel de pai, nada mais natural que sejam elas a correr atrás de oportunidades para garantir o sustento dos filhos e, sobretudo, mantê-los longe da violência. Mesmo quando também têm a parceria do marido, as mulheres costumam tomar para si a responsabilidade de orientar os filhos nas escolhas para a vida.
Mãe de cinco, a empreendedora Cleunice Santos de Jesus, 38 anos, viu no Ocupação Social uma oportunidade de melhorar a situação da família. Moradora de Feu Rosa, na Serra, bairro atendido pelo programa, ela teve a chance de contratar um empréstimo, em condições mais facilitadas, pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), para investir em uma cozinha industrial. Ela faz marmitex durante o dia e, à noite, vende lanches.
“Com esse dinheiro, consegui fazer o investimento e me ajudou muito, deu uma melhorada na minha vida, na dos meus filhos. Isso ajuda na educação deles. Também foi aumentando o conhecimento das pessoas sobre o meu trabalho e agora tenho até proposta de fazer uma entrega maior de marmitex”, conta.
Cleunice já pensa, inclusive, em contrair mais um empréstimo para conseguir realizar o novo serviço e, assim, aumentar a renda da família.
“Esse programa ajudou muito a gente. Trabalho em família, dois filhos estão comigo, mas tenho os pequenos também que, tendo as coisas em casa, consigo manter perto de mim. Não dá para deixar solto, não. A violência é grande”, ressalta.
Para a cozinheira Mericiane Silva de Oliveira, 35, o Ocupação Social tem sido importante por outras razões. Ela, que sempre esteve ligada à cultura, ficou realizada ao ver três de seus quatro filhos – Rickson, 17; Taís, 16; e Rayssa, 14 – seguirem nessa área, participando de oficinas de rima, quando o programa chegou a Barramares, em Vila Velha.
“Sempre incentivei a participar de tudo que é cultural e, quando surgiu o Ocupação Social, percebi que era uma nova oportunidade para eles”, comenta Mery, como é conhecida.
Mas, em sua opinião, o programa oferece muito mais caminhos do que acesso à cultura. “Tem oportunidade em educação, para empreender, ajuda a desenvolver habilidades em esportes. É oportunidade para tudo e, certamente, ajuda a afastar os jovens da criminalidade, da violência”, sustenta.
A artesã e educadora social Jupiara Francisco Cruz Julio da Silva, 47, também tem uma relação próxima com a arte e, desde cedo, incentiva o casal de filhos a vivenciar esse ambiente e, hoje, ambos estão envolvidos com a dança. Com o Ocupação Social onde mora, em Nova Palestina, Vitória, ela vê a chance de outras crianças e jovens usufruírem desse universo artístico e cultural.
“Às vezes as pessoas não têm noção da importância de programas como o Ocupação Social. A gente vê meninos e meninas ocupando seu tempo, com objetivo de vida, mudando para melhor. As esquinas do bairro estão mais vazias porque agora a turma tem o que fazer”, conclui Jupiara.
Texto: Aline Nunes | Foto: Gabriel Lordêllo