Educação que dá novo sentido à vida dos estudantes

Esqueça aquela imagem de jovens que vão para a escola arrastados, resmungando e sem interesse em aprender. Isso é coisa do passado para os alunos que frequentam as 36 unidades da Escola Viva que estão espalhadas de Norte a Sul do Espírito Santo. Lá eles têm uma outra postura e se orgulham de dizer que são protagonistas de suas próprias vidas. Não é à toa que o Estado conquistou, em 2018, o título de melhor ensino médio do Brasil, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Mais do que um lema passado durante as aulas – que vão além das disciplinas convencionais como português e matemática – a ideia de ser o personagem principal de sua história é levada muito a sério pelos mais de 20 mil alunos que ganharam mais brilho nos olhos desde que foram apresentados ao novo modelo de ensino integral capixaba.

Com pouco mais de seis meses tendo aulas na Escola Viva Escola Viva Doutor Getunildo Pimentel, na Serra, a estudante Ana Luiza Rufino Machado, 14 anos, conta que sempre teve curiosidade de estudar em escola de tempo integral. Por isso, não perdeu a chance de se matricular na unidade, inaugurada na metade de 2018.

“O que me chamava atenção era que eles ofereciam matérias para colocar o jovem em destaque. Fazer parte do projeto está sendo muito bom pra mim, estou enxergando uma diferença enorme. Me sinto uma jovem protagonista”, descreve a estudante, que lista as melhorias que percebe depois que começou a estudar na unidade:

“As minhas notas estão melhores. Percebo mudanças nas minhas atitudes, sou mais elogiada pelos meus professores”, pontua Ana Luiza, empolgada.

Modelo de sucesso

O modelo da Escola Viva já está presente em Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Pernambuco, Ceará, Piauí e Sergipe. A proposta de oferecer ao aluno uma educação de qualidade, diferenciada, e em período integral, tem apoio do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE), que é uma entidade privada, sem fins lucrativos. Em solo capixaba, esse novo conceito de educação pública já está presente em 27 cidades. Para 2019 estão previstas mais 1.740 novas vagas, com unidades a serem inauguradas em Viana, Fundão, Conceição do Castelo e Muqui.

Quem também já sente diferença além do boletim é a estudante Nathalia Cristina Guerra de Oliveira 14 anos, também da Escola Viva Dr Getunildo Pimentel. Ela afirma que o que mudou, principalmente, foi a vontade de aprender.

“Antes, eu não ligava para as oportunidades. Hoje eu sempre quero mais. Quero aprender mais, quero saber mais”, garante a aluna, que elogia também o fato de ter mais tempo para estudar. “Não me vejo mais em uma escola de tempo regular”, pondera.

Mudança para Vida

A Escola Viva é um projeto de educação integral que começou a ser implantado na rede estadual de ensino em 2015. Nas escolas que já receberam esse novo projeto pedagógico, o período letivo tem duração diária de quase 10 horas por dia. Enquanto estão na escola, os estudantes têm as principais refeições (almoço e lanche) e a opção de escolher disciplinas como música, teatro, cinema, empreendedorismo e fotografia.

Heloíza Valeriano, 16 anos, é aluna da Escola Viva e afirma que sempre teve interesse por estudar. Ainda assim, ela encontrou na escola de tempo integral o estímulo que faltava para se dedicar ainda mais ao livros. Para ela, a principal mudança de percepção do mundo, e de seus próprios desejos, se deu ao começar a planejar-se além da vida acadêmica. Heloíza afirma que tem vivenciado experiências que vão ser levadas por toda a vida.

“Na Escola Viva a gente aprende a viver mais em sociedade, a pensar o nosso projeto de vida”, garante a estudante, que está no 9º ano do ensino fundamental, mas já vislumbra como será o seu ca minho quando deixar a unidade. “Como a escola trabalha projeto de vida, o meu é, além da faculdade e emprego, ter uma família. E eu quero passar para minha família esses valores”, planeja.

Aspirações semelhantes tem o jovem Guilherme Soares, que cursa a 2ª série do Ensino Médio e, desde 2017, estuda na Escola Viva Profª Maura Abaurre, em Vila Velha. “Eu gosto muito da Escola Viva. Lá mudou minha forma de ver a vida. Eles conseguem nos incentivar em tudo, a nos desenvolver mais. São novos aprendizados que vamos levar para o resto da vida”, finaliza o rapaz.

Texto: Beatriz Marcarini. Fotos de Gabriel Lordêllo.