Cuidado e acolhimento que fazem bem a todos

Sabe aquelas filas enormes para garantir atendimento médico, que mesmo após vencidas não garantiam que o paciente não passaria por toda a saga de novo, caso o médico pedisse um exame? Parece difícil manter uma relação entre médico e paciente saudável num ambiente assim, certo? Acredite: essa angústia já começou a ser superada. Isso porque, pela proposta da Rede Cuidar, os atendimentos de diferentes tipos e especialidades são feitos em um único dia, com hora marcada e respeitada. Tudo na maior educação, como sempre deve ser.

A primeira consequência imediata dessa nova cara da saúde pública no Espírito Santo é paciente menos estressado e mais satisfeito. A segunda, e não menos importante, é que profissionais estão vendo o trabalho dando resultado e a relação com o paciente melhor e mais humanizada.

“Percebi um diferencial em relação à prevenção. Estou acostumada a sempre tratar paciente que chegava já com uma doença, com quadro para ser tratado. Agora é diferente”, explica Silviane França de Oliveira Silva, 31 anos, fisioterapeuta da Rede Cuidar de Guaçuí.

Ela detalha como é o atendimento geral e como isso muda o foco da sua função no lugar. “Tem a sala de espera, palestras, e a gente pode falar como prevenir, como evitar certos tipos de doenças, como evitar uma queda em casa no caso de idosos, no tratamento que a pessoa pode fazer ou não em casa porque às vezes um simples alongamento, um simples exercício ou uma caminhada que muitas vezes a pessoa não sabe se pode ou não fazer já alivia o quadro.”

Cenas de animosidade entre pacientes e funcionários não são mais vistas nessas novas unidades. “Até o paciente passar pelo consultório, ele foi acolhido pelo vigilante lá no portão, depois ele passa pelo auditório, onde são feitas as boas-vindas com ele com um profissional da equipe e logo depois ele vai para sala de espera, e ali tem palestra com algum profissional sobre um tema relevante do momento. E aí, quando ele chega ao consultório, ele já foi tão bem acolhido que é muito mais fácil, é muito mais tranquilo, fazer as abordagens, quebra uma resistência muito grande”, relata a psicóloga Luciana Souza Nunes, 43 anos, com 20 anos de experiência em serviço público.

Nada de filas

A fisioterapeuta Silviane aponta também que a falta de filas ajuda na relação com o paciente. “O horário é sempre aquele mesmo. Nos outros lugares, marcam um horário e começam a atender uma hora depois. E ali também não tem fila de espera. Em outros lugares ficam sentados no banquinho ou no meio da calçada.”

Com 10 anos de experiência em firma privada e mais dois anos em saúde pública municipal, a farmacêutica Sinara Gomes Lima, 39, ressalta a diferença da sua atual função na Rede de Cuidados de Guaçuí para os trabalhos anteriores. “O que a gente está fazendo diferente é a orientação farmacêutica. A gente revê a farmacoterapia do paciente, orienta a forma correta para o paciente que não aderiu ao tratamento, explica a necessidade daquele intervalo. É uma relação mais próxima com o paciente.”

Que profissional não quer ver o seu trabalho surtindo efeito positivo em alguém? É isso que destaca Sinara: “Quando o médico vai levar os exames, e a gente olha como era o quadro dois meses atrás e agora e vê que as taxas de glicemia, de pressão melhoraram e vê o quadro de evolução, é muito gratificante.”

Texto: Katilaine Chagas | Foto: André Fachetti