Envelhecer é uma ideia que aflige muita gente nos tempos modernos. Sobra tempo ocioso após a chegada da aposentadoria, morrem parentes e amigos, surgem doenças, e o corpo já não funciona como antes. Para oferecer suporte emocional para essas adversidades, entra em cena a arteterapia.
Ela consiste na livre expressão por meio de várias linguagens, como desenho, pintura, escultura, colagem, música, dança e literatura, no sentido de trabalhar o emocional do paciente, promovendo o contato do mesmo com suas necessidades e elaborações a fim de que consiga lidar com suas dificuldades.
De acordo com a artista plástica Edneide Assis Amaral, especialista em Psicologia Analítica com foco no envelhecimento e arteterapeuta na Oficina de Saúde da MedSênior, na arteterapia, não há o intuito de aprender a fazer arte ou artesanato, ela não consiste em uma terapia ocupacional. “Se algum paciente tem algum talento nesse sentido, ele terá mais facilidade na construção de sua imagética mas, se ele não tem, poderá expressá-lo através da arte”, explica.
A arte como terapia tem seus critérios e especificidades, por isso, todas as sessões são planejadas e estruturadas dentro de uma coerência e sentido que se relaciona e constrói um diálogo com o paciente. Na oficina, tudo é feito com a orientação de um arteterapeuta e dentro das possibilidades de cada um. “Na arteterapia, o que buscamos é a psique e não o estético”, esclarece Edneide.
Quando a servidora pública aposentada Luci da Rocha Ferreira, de 65 anos, conheceu o projeto que une arte com terapia, ela estava passando por uma fase complicada. E foi a arteterapia que a ajudou a encontrar respostas e a ficar em paz consigo mesma. “É um lugar onde você é bem acolhido, as pessoas te ouvem e você se sente confortável para desabafar e expor suas dificuldades”, afirma.
Os benefícios da arteterapia para os idosos são inúmeros: promove interatividade entre os pacientes, desenvolve a criatividade, manifesta novos talentos e apoio nos
processos que envolvem o luto e problemas de saúde. Também ajuda a lidar com limitações advindas do avanço da idade, como perda de memória e dores crônicas. Promove, ainda, a valorização do lugar do idoso na família e nas comunidades nas quais ele ainda faz parte como, por exemplo, comunidades religiosas.
“A arte sempre foi um caminho para a expressão da alma humana. Faz muito sentido que através dela possamos promover a saúde mental, a conexão com a vida, buscar caminhos e transformações criativas que nos auxiliam em nossa jornada de vida”, filosofa a artista plástica.
Os relatos de pacientes fazem os profissionais perceberem a importância do atendimento, como um grande apoio, pois cria novas e preciosas relações e interações na vida dos idosos. A Luci é uma dessas pacientes que enxergou na arteterapia uma motivação especial: “Me senti estimulada a trazer de volta a antiga eu, que estava escondida”, dispara.