Com a saída dos filhos de casa, bichinhos podem representar o amor e o carinho que faltam.
Já é unanimidade entre médicos e profissionais que acompanham a terceira idade: animais de estimação podem melhorar a qualidade de vida daqueles que passaram dos 60 anos, diminuindo a incidência de doenças e evitando até mesmo a depressão.
Dados da Associação Brasileira de Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) indicam que, só no ano passado, foram gastos cerca de R$ 19 bilhões neste setor, representando um aumento de 5,7% em relação ao ano anterior. A previsão para 2020 é que esse número cresça para R$ 20 bilhões.
E, segundo o IBGE, grande parte dos gastos com animais domésticos sai do bolso de pessoas idosas. A explicação é simples: com a saída dos filhos de casa, seja para casar ou para morar sozinhos, fica um vácuo de amor, atenção e carinho. A saída tem sido adotar um animal de estimação.
Cães e gatos, claro, são os preferidos pelos idosos pela facilidade no trato e também devido à oferta desses bichinhos, seja para a compra ou para a adoção.
Mas pássaros, como calopsitas e periquitos, também estão no topo da preferência dos mais velhos devido à interação por meio do canto, a leveza do tamanho e pela interação com os humanos. Os peixes também caíram no gosto da terceira idade e despontam como “companheiros” dos humanos.
Para a dona de casa Brasilina Luiza, de 64 anos, a felicidade depois que os filhos cresceram veio na forma de um vira-lata. Zeca tem quatro anos e, literalmente, é dono da situação e do coração de Brasilina e do marido.
“A casa é muito grande. Mesmo com os filhos por aqui, a correria do dia a dia impede um contato maior com eles. O Zeca veio para suprir essa necessidade de cuidar, de receber e dar carinho”, ressalta.
Além de todo esse amor, Zeca ainda ajuda na segurança da casa e dos próprios tutores, como conta Brasilina. “Eu tenho problema de saúde e ele sabe exatamente quando estou passando mal e dá o alarme. Quando não estamos em casa, ele late e afasta os estranhos”, elogia.
Para a protetora animal, Rosanna Pupim, os pets de estimação são fiéis e carinhosos, perfeitos para preencher o tempo e aquecer os corações dos idosos.
“Eu tenho três cachorros e três gatos. Meu filho foi para São Paulo e eu me separei. Restou tomar conta dessa tropa de animais cheios de amor. É uma nova família, uma nova forma de encarar a vida”, revela.
Já para a psicóloga e psicoterapeuta da terceira idade Letícia Scarpatti é preciso ter alguns cuidados na hora de escolher o bichinho de estimação, olhando principalmente o porte do animal.
“Não é possível dar um labrador para o idoso, por exemplo. É preciso conversar com ele e saber de suas preferências antes de presentear. Gatos e cães de tamanho médio e pequeno são ideais. Ajudam na cognição e melhoram a imunidade das pessoas com mais idade”, afirma.
Saiba:
Aves
Pequenas aves como periquitos, maritacas e papagaios são excelentes animais de estimação para os idosos que vivem sozinhos ou que desejam encher a casa com um pouco mais de barulho. Os pássaros dão a idosos a oportunidade de nutrir, falar e ensinar. Com um pouco de tempo e atenção, um proprietário poderia ensinar um destes animais a assobiar ou falar. Pequenos pássaros requerem apenas uma gaiola e podem ser facilmente treinados, sendo até possível deixá-los soltos pela casa, desde que toda a segurança seja respeitada.
Gatos
Há uma abundância de gatos disponíveis para adoção por aí, incluindo aqueles que já viveram em casas e apartamentos e estão bem treinados para estes ambientes. Estes gatos são ideais para os idosos que estão à procura de um animal de estimação que se encaixa em seu estilo de vida ou seu nível de atividade sem muito treinamento ou manutenção. Os gatos podem facilmente desenvolver suas próprias rotinas em novos ambientes. Isto torna-os companheiros ideais. De quebra, pesquisas mostram que proprietários de gatos têm um terço menos de risco de ataque cardíaco do que os não-donos. Isto é atribuído à habilidade dos gatos para reduzir o estresse e a ansiedade, que poderiam impactar negativamente a saúde cardiovascular.
Cães
Estudos mostram que pessoas que possuem cães tendem a ser mais ativas fisicamente, diminuindo a obesidade. Adultos com mais de 65 anos que não têm limitações de saúde precisam de pelo menos, uma vez por semana, duas horas de atividade física. Tendo um cão para passear, consegue-se 30 minutos de caminhadas diárias, ou pelo menos 15, e rapidamente é possível superar esta média.
Além disso, outros estudos sugerem que os donos de animais têm menor pressão arterial e frequência cardíaca inferior a dos que não possuem animais.