Em busca de novos mercados e negócios

A busca por novos mercados e a entrada em nichos de negócios ainda não explorados é uma alternativa para o cooperativismo continuar crescendo no Estado. Além da união para o fortalecimento de uma marca ou negócio, é preciso estar atento às oportunidades que surgem por meio da identificação de demandas em crescimento.

O Painel Cooperar 2019 aconteceu no último dia 25, no auditório da Rede Gazeta, em Vitória.

Essa relação entre cooperativismo e empreendedorismo foi o tema central das discussões do Painel Cooperar 2019, realizado no Auditório da Rede Gazeta, em Vitória. Representantes de cooperativas de diversos segmentos participaram do evento, que aconteceu no último dia 25.

O Espírito Santo possui 126 cooperativas registradas no Sistema OCB/ES, distribuídas de Norte a Sul do Estado. Elas contemplam nove ramos diferentes: agropecuária, consumo, crédito, educação, produção, saúde, transporte, trabalho e habitacional. Somados, são aproximadamente 445 mil cooperados em todo o Estado, resultando na geração de cerca de 8 mil empregos diretos.

Na área da saúde, por exemplo, o Estado conta com cooperativas médicas reconhecidas pela excelência no atendimento, seja ele básico ou complexo. Essa expertise capacita os profissionais a entrarem em um mercado em expansão e que se mostra carente de serviços, como ressalta o  superintendente da OCB/ES, Carlos André Oliveira: os cuidados a idosos.

“Empreender está na veia das cooperativas. Cada dia mais, cooperar se torna uma saída para os negócios. A união possibilita que os cooperados se fortaleçam e cresçam”
Carlos André Santos de Oliveira superintendente do Sistema OCB/ES

“Temos uma demanda crescente por esse tipo de serviço. Por que não montar uma cooperativa para isso? Esse é um nicho que já estamos desenvolvendo dentro da OCB, para que seja constituído no Espírito Santo”, comenta.

Ele ressalta um dos aspectos fundamentais do trabalho cooperativista: o fato de agregar valor ao produto ou serviço e, ao mesmo tempo, diminuir custos. “Empreender está na veia das cooperativas. Cada dia mais, cooperar se torna uma saída para os negócios. A união possibilita que os cooperados se fortaleçam e cresçam juntos”, explica o superintendente.

“Queremos construir pontes para conectar as pessoas e ter uma sociedade mais saudável. A cooperativa funciona como um desses elos para promover o crescimento sustentável das comunidades”
José miquelino da cunha diretor administrativo da Unicred

O presidente do conselho administrativo da Unimed Vitória, Jesse Rangel Tabachi, lembra que o cooperativismo é um caminho para o desenvolvimento e para a prestação de serviços de excelência para o usuário. “O sistema cooperativista ajuda todos os envolvidos a construir uma sociedade melhor, mais humana”, avalia.

Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), concorda. Ele observa que fomentar o empreendedorismo nas cooperativas é fundamental, já que trata-se de um sistema de trabalho onde as decisões são tomadas em conjunto. “Na Cooabriel, há muitos exemplos de empreendedorismo, e acredito que isso tenha contribuído para nosso sucesso”, pontua.

Os participantes discutiram as alternativas para o cooperativismo superar as dificuldades impostas pelo mercado e continuar crescendo no mercado.

Juntos

A professora de ética e responsabilidade social e doutora em Administração com foco em Negócios Sociais, Maria Flávia Bastos foi a palestrante principal do Painel e destacou o mercado de eventos como um nicho a ser explorado pelos empreendedores.

“Hoje o cooperativismo é um nicho muito grande para se desenvolver trabalhos e prestar serviços de excelência para o usuário. Ele ajuda a todos”
jesse rangel tabachi presidente do conselho administrativo da unimed vitória

“É um setor que está em alta. Antes mesmo de a criança nascer ela ganha uma festinha”, brinca, se referindo ao chá de revelação do sexo do bebê e outros eventos, como chá de bebê e chá de fralda. “Este é um nicho que está em crescimento. Porque não unir pessoas que prestam serviços ligados a esse setor e montar uma cooperativa? Isso baratearia custos e também proporcionaria  maior visibilidade no mercado”, exemplifica.

A especialista observa que criar novos arranjos produtivos fortalece as profissões e acaba com o empreendedorismo individual como única alternativa. “Temos que pensar nesse cooperativismo novo e que ‘briga’ com a Indústria 4.0. Que seja forte, eficiente e com ótima prestação de serviços”, diz Maria Flávia.

Para garantir a sobrevivência das cooperativas, no entanto, não basta ter um ótimo produto ou serviço. Também é necessário ter uma boa gestão e visão do negócio. Um passo fundamental para que isso ocorra consiste na  qualificação e profissionalização de quem gerencia o grupo e de quem contribui para que ele exista, ou seja, todos os cooperados.

“Isolados somos fracos, com mais custos. Unidos, conseguimos projetar nossas marcas, nos fortalecer e prestar um serviço melhor, tanto para cooperados quanto para os clientes”
Pedro Scarpi presidente da ocb/es e vice-presidente da unimed federação

Muitas cooperativas já disponibilizam cursos, dias no campo e treinamentos para seus cooperados. O Sicoob, por exemplo, capacita pessoas para serem microempreendedores.

De acordo com o superintendente Operacional do Sicoob Central Espírito Santo, Alecsandro Casassi, a cooperativa de crédito tem um programa chamado “Associado ao Microcrédito”. Nele são trabalhados conceitos sobre gestão financeira, mercado e precificação de produtos, entre outros.

“São módulos presenciais que ocorrem em todo o Estado. O programa é tanto para quem quer criar um negócio, quanto para quem pretende aperfeiçoar o que já tem. No ano passado, 471 pessoas passaram pelos curso. Desde a criação deles, em 2014, já são 1,8 mil empreendedores capacitados”, comenta Alecsandro.

“As cooperativas promovem o desenvolvimento da comunidade em que estão inseridas. Elas proporcionam trabalho, melhor renda e qualidade de vida para seus cooperados ”
Alecsandro Casassi superintendente operacional do Sicoob Central ES

Os treinamentos podem ocorrer de forma direta, em sala de aula, ou por meio de propagadores do conhecimento. São pessoas que participam dos treinamentos e  replicam o aprendizado com os demais cooperados.

“Cooperar transforma a vida das pessoas. Elas deixam de trabalhar sozinhas para, juntas, contar histórias únicas e tornar viável a atividade no campo”
Heriberto Simões Gerente de Comunicação e Marketing da Coopeavi

 

 

 

 

“Todo mundo ganha”

Defensora da importância do relacionamento interpessoal, do trabalho coletivo e da manutenção da cultura cooperativista, a especialista em empreendedorismo social Maria Flávia Bastos sustenta que “o cooperativismo sempre foi e continua sendo um modelo de negócio que gera trabalho e renda de maneira coletiva, onde todo mundo ganha, da maneira mais justa e igualitária possível”.

Natural de Minas Gerais, Maria Flávia é graduada em Comunicação Social,  mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local e doutora em Administração. Autora de três livros sobre empreendedorismo, ela é considerada uma das principais palestrantes do assunto no país e foi uma das convidadas para o Painel Cooperar 2019, realizado no auditório da Rede Gazeta, onde falou sobre o empreendedorismo cooperativo para uma plateia de empresários, associados de cooperativas e convidados.

Durante sua apresentação, ela explicou como uma vida cooperativa pode contribuir para que empresas, pessoas e sociedade se tornem mais humanizadas e justas.

Um dos pilares do cooperativismo é a participação de todos nas decisões. Isso ajuda a despertar o empreendedorismo?

O empreendedorismo no Brasil é marcado por essas ações que são coletivas, com a junção de pessoas e ideias. Somos um povo que cria com muita facilidade com a ajuda uns dos outros. Passamos por muitas dificuldades, então, dividir ideias e custos é uma postura típica do brasileiro. Quem empreende, por meio de cooperativa ou por meio do pensamento cooperativo, tem mais possibilidade de dar certo.

Como as cooperativas podem ser mais competitivas?

Estamos vivendo uma crise econômica mundial, e um problema econômico não se resolve da noite para o dia. Todos que empreendem no Brasil estão tendo dificuldade de se posicionar no mercado. Pensar e agir de maneira cooperativa é uma das grandes possibilidades de se alcançar algo e fazer com que uma ideia prospere de fato.

Sempre que eu me alio a outras pessoas, eu posso dividir custos. Estamos falando de um ciclo produtivo do bem, que estimula o crescimento não só das cooperativas, mas da economia nacional de uma maneira geral.

Quais as vantagens que as cooperativas, graças a esse modelo associativo, têm nessa disputa de mercado?

As maiores vantagens que uma cooperativa tem estão exatamente no seu modelo de negócio, baseado na cooperação, na divisão, na partilha. Assim, ela se coloca no mercado de uma maneira que possa “fatiar” as dificuldades.

É uma maneira de aprender a crescer coletivamente. Vários estudos comprovam que quanto mais diversidade de pessoas e ideias eu tiver na minha empresa, mas inovação eu vou gerar, e uma cooperativa é um símbolo dessa diversidade de pessoas de ideias.

O que é o “empreendedorismo social” e como essa ideia se encaixa no modelo das cooperativas?

É uma espécie de empreendedorismo a serviço da paz, da justiça e da mudança plena da nossa economia. O tipo de capitalismo que a gente tem ainda não é baseado em processos sustentáveis. O empreendedorismo social nasce desta perspectiva, do comércio justo, das atividades coletivas que podem gerar emprego, trabalho e renda.

O empreendedorismo social é primo-irmão das cooperativas. Todos os seus conceitos bebem na fonte do cooperativismo, da economia solidária, da agricultura familiar.

Sair da zona de conforto é o grande desafio do empreendedor?

O maior segredo para um empreendedor ter sucesso é que ele possa acreditar que sair de sua zona de conforto é dar ouvidos a outras pessoas que estão do seu lado, os clientes, os concorrentes, a comunidade.

Empreendedorismo se faz na rua, como disse bem o Fernando Dolabela, autor de vários livros da área. Empreender é ser cada dia mais cooperativo a ouvir e entender o que as pessoas têm a nos dizer, é estar atento ao que acontece ao nosso redor.

Em um cenário de crise, qual a importância das cooperativas como geradoras de emprego e renda?

O cooperativismo sempre foi e continua sendo um modelo de negócio que gera trabalho e renda de maneira coletiva, no qual podemos incluir o que chamamos de comércio justo, onde todo mundo ganha, da maneira mais igualitária possível.

Pensar de maneira cooperativa talvez seja a única saída que tenhamos para conseguir novos espaços e novas possibilidades de emprego e renda para uma população muito carente, com mais de 13 milhões de desempregados.

 

“Quem empreende por meio de cooperativa ou por meio do pensamento cooperativo tem mais possibilidade de dar certo”

 

É de pequeno que se aprende a Cooperar

Assembleias, estatuto, eleição da diretoria e do conselho fiscal: nas cooperativas educacionais, alunos reproduzem a experiência de criação de uma organização, proporcionando a vivência do cooperativismo na prática.

Na Cooperativa Educacional de Linhares (CEL), o professor Vinícius Ferreira Santi é o orientador do grupo que criou uma cooperativa de doces – a Coopemcel – para comercializar pipoca e palha italiana. Para chegar a esses produtos, foi feita uma pesquisa de mercado com a comunidade escolar.

Para produzir, os alunos pesquisaram preços e passaram por oficinas para padronizar a produção dos doces. “Nessas atividades, eles aprendem um pouco sobre empreendedorismo, marketing e controle de caixa. O objetivo não é o lucro, mas o aprendizado”, destaca Santi.

A diretora pedagógica da unidade, Queila Gomes Zorzanelli,  ratifica o posicionamento do professor. “Estamos preparando novos gestores e empreendedores. O cooperativismo prepara novos líderes e novas formas de gestão.”

No 8º ano do ensino fundamental, Arthur Oliveira França, 13 anos, sabe da responsabilidade que tem, após ser eleito secretário da comissão fiscal. “Eu queria aprender mais sobre o cooperativismo e sobre educação financeira, que é fundamental no nosso dia a dia. É muito importante ter esse conhecimento, e também saber cooperar e dividir. Você ajuda ao próximo, não apenas a si mesmo”, diz.

Secretária escolar e professora orientadora da cooperativa mirim da Coopesg Robusta, em São Gabriel da Palha, Simone Aparecida Rigo ressalta que cada etapa do projeto é um aprendizado, da assembleia que constituiu a cooperativa (Coop-União) à gestão dos recursos da venda do chup-chup gourmet.

“Convidei uma pessoa da comunidade que vive disso para dar uma oficina, e ela ensinou os alunos a lidar com os ingredientes. Depois, fomos ao mercado ver o preço”. A professora disse ainda que, embora as crianças recebam sua orientação, não pode induzi-los a nada. “Eu lanço ideias, mas são eles que chegam à decisão.”

Cada um dos 57 cooperados mirins contribuiu com R$ 10. Quando o estudante conclui o projeto, ele pode resgatar o valor ou destiná-lo para o fundo da cooperativa.

Em Santa Maria de Jetibá, além da cooperativa mirim – na qual são produzidos e vendidos biscoitos decorados – a escola Cooperação também participa do Programa Cooperjovem, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). “O objetivo é despertar nos educadores e educandos consciência sobre cooperação, auxiliando na organização e desenvolvimento de projetos nas escolas”, observa a diretora, Amanda Schulz Wruck.

Conceitos

Parceiro do projeto, o Sicoob acredita que ele contribui para o fortalecimento de três pilares que passam a acompanhar os estudantes por toda a vida: o cooperativismo, o empreendedorismo e a liderança.

“Quando esses conceitos são trabalhados ainda na infância, as pessoas crescem mais conscientes da necessidade da união para alcançar metas em comum”, ressalta Sandra Kwak, superintendente institucional do Sicoob ES.

 

“Nessas atividades, eles aprendem um pouco sobre empreendedorismo, marketing e controle de caixa. O objetivo não é o lucro, mas o aprendizado” – Vinicius Ferreira Santi, Professor

 

Segurança e conforto no transporte escolar

 

A criação de cooperativas de transporte no interior do Estado trouxe mais  qualidade e segurança  ao serviço prestado

A Coopersules transporta diariamente mais de 20 mil crianças e adolescentes na Região Sul do Espírito Santo

Outro segmento que tem crescido no interior do Estado é o de cooperativas do setor de transportes. Com atuação em 11 municípios – Alegre, Guaçuí, Ibitirama, Vargem Alta, Jerônimo Monteiro, Presidente Kennedy,  Piúma, Cariacica, Viana, Fundão e João Neiva – a Cooperativa de Transportes da Região Sul (Coopersules) atende a mais de 20 mil crianças e adolescentes diariamente, segundo o vice-presidente da entidade, Wagner Jordain.

São estudantes das redes municipais, estadual e também do Ifes de Alegre. “Todos os motoristas são treinados, porque lidamos com vidas, e com vidas não se pode brincar”, ressalta Jordain. O vice-presidente da Coopersules, que foi fundada em abril de 2005, acrescenta que a atividade é importante para os cooperados e também para a economia local.

“A renda gerada pela cooperativa fica dentro do município. Além disso, na cooperativa tudo é mais transparente: todo mundo é dono e o cooperado sabe quanto ganha, quantos quilômetros roda, como funciona a licitação. É muito melhor do que em uma empresa.”

O presidente da Cooperativa de Transporte de Escolares e Passageiros de Aracruz (Cootrara), Guaracy Cecato, conta que, por dia, são conduzidos 3,2 mil alunos em 73 veículos, todos com monitores. “Todos os motoristas têm curso. O transporte é feito com segurança.”

A Cootrara foi criada há 14 anos com a intenção de atender a uma exigência da prefeitura na época, porque os contratos para transporte de alunos não poderiam mais ser feitos com pessoa física. “Optamos pela cooperativa. Cada um  tem seu veículo e cuida bem para que o serviço funcione.”

A organização da Cooperativa de Transporte Escolar de Vargem Alta (Cooteva), em 2006, também foi motivada pelas regras do município. Muitos dos cooperados são agricultores que têm, na nova atividade, um meio de complementar a renda. Hoje, o grupo atende oito escolas e conduz cerca de 1,2 mil alunos por dia.

 

Educação com participação e qualidade

Imagine uma escola que ofereça educação de qualidade, a um preço justo. Nessa escola são os pais que tomam as decisões, pensando sempre no melhor para os seus filhos. Parece sonho – e há  pouco tempo era, até que algumas famílias se uniram e decidiram elas mesmas construírem a escola que melhor representava seus anseios.

Assim surgiram, no Estado, as primeiras cooperativas educacionais – escolas concebidas por pais e que têm, como princípios, o espírito de colaboração e de solidariedade, combinados à gestão compartilhada.

Atualmente, há oito unidades instaladas em municípios do interior – Santa Maria de Jetibá, Linhares, São Mateus, Muqui, Alegre, Pinheiros, Venda Nova do Imigrante e São Gabriel da Palha -, que foram criadas em meados da década de 1990, período em que as greves eram frequentes na rede pública.

Em Venda Nova, há 19 anos a Cooperativa Regional de Educação e Cultura (Coopeducar) começou, por meio da organização de 40 pais. “Quem manda, quem administra, são os pais cooperados”, aponta José Adelso Viçosi, diretor da unidade que atende da educação infantil ao ensino médio e, em parceria com uma faculdade particular, ainda funciona como um polo de Educação a Distância (EAD).

A área pedagógica investe em projetos voltados para a coletividade. Uma das ações dos alunos visa a recuperação da nascente no entorno do Hospital Padre Máximo, com limpeza do terreno e plantio de espécies nativas.

Essa dinâmica escolar é um atrativo, na avaliação de Amanda Zaqui Milagre, 17 anos, aluna da 3ª série do ensino médio. Ela ingressou na cooperativa no 9º ano do ensino fundamental, e logo percebeu a distância que havia entre o modelo cooperativista em comparação à formação que havia recebido até aquele momento.

“Vim de uma trajetória de escola pública e, quando optei pela Coopeducar, foi muito em função do trabalho de integração social e de projetos voltados para o meio ambiente.  Acredito que a escola tem a preocupação com a formação do aluno como um todo.”

Nas cooperativas educacionais, como a Coopesma, de São Mateus,  são os pais – os cooperados – que decidem como serão aplicados  os recursos disponíveis

Valores

O professor universitário José Mauro de Sousa Balbino, 60 anos, tem uma filha, Mariana, que está fazendo o 3º ano do ensino médio na cooperativa de Venda Nova, onde ingressou na educação infantil. A mais velha, Juliana, também passou por lá e hoje é dentista. Para ele, além da qualidade do ensino, a valorização do espírito de cooperação e de cidadania é o diferencial.

Balbino cita como exemplo um projeto sobre destinação adequada de resíduos que, além de tratar o aspecto ambiental, ainda teve uma abordagem social, com o envolvimento da associação de catadores da região.

Diretora pedagógica da Cooperativa Educacional de Linhares (CEL), Queila Gomes Zorzanelli, destaca que os bons valores do cooperativismo norteiam todo o trabalho. “Não é só o cognitivo que importa. Trabalhamos questões como ajuda mútua, democracia e equidade.”

A diretora pedagógica da Cooperativa Educacional de Muqui (Coopem), Katiuscia de Meneses, acrescenta que a intenção é despertar essa preocupação com a comunidade.

Para ingressar em uma dessas unidades, todo responsável pelas crianças e adolescentes se torna cooperado. Os pais participam de assembleias e têm poder de decisão sobre como os recursos vão ser investidos.

“Uma das vantagens é a gente realmente poder opinar. A cooperativa estimula um envolvimento maior dos pais”, avalia Elaine Carvalho de Azevedo, uma das mães da Coopem.

O presidente da Cooperativa Educacional de São Mateus (Coopesma), Erickson Manete de Paulo, ressalta que  essa participação das famílias faz toda a diferença.

“Aqui, os pais têm voz e vez. Realizamos duas assembleias gerais a cada ano. São feitas prestações de contas e discutimos a aplicação dos recursos. Todos têm oportunidade de participar do processo decisório. E as sugestões são acolhidas e debatidas.”

A unidade está implantando o sistema de energia solar e estima uma economia mensal em torno de R$ 10 mil na conta de luz. No final do ano, o valor que sobrar – pouco mais de R$ 100 mil –  será investido em melhorias, que serão decididas pelos cooperados.

“Aqui, os pais têm voz e vez.  São feitas prestações de contas e discutimos a aplicação dos recursos. E as sugestões são acolhidas e debatidas” Erickson Manete de Paulopresidente da Coopesma

Uma das características das cooperativas é o currículo diferenciado: a Coopeducar incentiva a preservação do meio ambiente

Custo reduzido

 

Outro aspecto atrativo nas cooperativas escolares é o preço que se paga para ter esse modelo de educação. Como são instituições sem fins lucrativos, o custo para estudar em uma cooperativa é reduzido. O termo correto nem é mensalidade, mas rateio.

“Aqui, temos desde pais que trabalham na roça a médicos e empresários. A cooperativa tem esse princípio de não fazer diferenciação de ninguém, e ensina isso aos alunos. O valor que é cobrado atende tanto um quanto outro”, afirma José Adelso, da Coopeducar.

PLACAR

2 mil alunos estudam em cooperativas educacionais no Estado, segundo a OCB/ES

 

Mais força para competir no mercado

Uma parceria em que todos saem ganhando, na qual   o objetivo é crescer juntos. Assim é o processo de incorporação, por meio dele, duas cooperativas passam a formar uma nova entidade. Um dos exemplos mais recentes no cooperativismo capixaba foi a  incorporação da Cooperativa Agropecuária do Norte do Espírito Santo (Veneza), da área de laticínios, à Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), especializada na produção de café e pecuária.

Mesmo passando por um período de ajustes após a fusão, a expectativa é que o faturamento da nova cooperativa seja de R$ 550 milhões já no seu primeiro ano, com um crescimento de 4,5% da receita. A Coopeavi passa a ter cerca de 15 mil cooperados e 930 colaboradores, o que a torna a maior cooperativa agropecuária do Espírito Santo em número de pessoas.

Segundo o diretor-presidente da Coopeavi, Denilson Potratz, o principal ganho é o fortalecimento das duas cooperativas, em um ambiente de negócios cada vez mais competitivo.

“Estamos passando por um forte movimento de concentração de empresas em diversos segmentos. A consequência é um aumento significativo da concorrência, pressionando as margens dos produtos para baixo, com reflexo negativo no resultado”, explica.

A marca Veneza vai continuar existindo no mercado. “Vamos retomar os investimentos. A meta é lançarmos dois  produtos a cada ano, a partir de 2020”, adianta Potratz.

A incorporação da Veneza à Coopeavi foi decidida em assembleia entre os cooperados

Parcerias

Quando os desafios e objetivos são os mesmos, a busca por soluções fica mais fácil se for feita em conjunto. Por isso, o cooperativismo incentiva esse tipo de parceria. Segundo estimativa do setor, sete em cada dez cooperativas brasileiras já firmaram algum tipo de acordo, seja no setor produtivo, no logístico, ou no financeiro.

Foi o que fizeram a Cooperativa de Laticínios Selita e a Cooperativa Agrária Mista de Castelo (Cacal). De um lado, a mais antiga e principal cooperativa de laticínios do Estado precisava de mais fornecedores de matéria-prima; do outro, a cooperativa pecuarista necessitava escoar a sua produção de leite.

Assim, nasceu uma das mais antigas e prósperas parcerias entre cooperativas do Estado, em 2005. Por mês, a Cacal envia para a Selita aproximadamente

1 milhão de litros de leite. Em contrapartida, a Selita compra mensalmente 30 mil sacos de ração produzida pela Cacal, além de prestar serviços de industrialização de produtos lácteos para a cooperativa de Castelo.

“No momento de dificuldade que passamos, a Selita foi fundamental, disponibilizando apoio financeiro e técnico e permitindo que a Cacal se reestruturasse e se consolidasse no mercado de rações e minerais”, explica o presidente da Cacal, Domingos João Piassi.

O presidente da Selita, João Marcos Machado, lembra que os pequenos produtores são os maiores beneficiados nesse processo. “Eles não são atendido pelas grandes empresas, então o melhor a se fazer é buscar a união, para juntos se tornarem grandes.”

Outro exemplo de sucesso é a parceria entre o Sicoob e a Coopeavi para instalação e compartilhamento de energia solar no complexo logístico de Ibiraçu. Desde maio, estão em funcionamento 10 conjuntos de usinas geradoras.

A produção inicial deve chegar a 125 mil Kwh/mês, o que seria suficiente para abastecer aproximadamente 500 residências. Além de preservar o meio ambiente, o sistema deve gerar uma economia de até 25%.

Cooperativa Veneza vai lançar dois  produtos por ano

 

 

 

Posto de gasolina e supermercado para atender cooperados

De olho nas oportunidades de mercado e atenta às necessidades dos cooperados, a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi) resolveu inovar:  decidiu abrir um supermercado e um posto de gasolina, ambos em Santa Maria do Jetibá.

Os novos empreendimentos estarão em funcionamento até o final deste ano. De acordo com o presidente da cooperativa, Denilson Potratz, dependendo da resposta a esses produtos, a expectativa é de expandir o serviço para outros municípios. “A ideia é que o cooperado tenha um atendimento diferenciado. Hoje, nas nossas lojas agropecuárias, já temos preço melhor para quem é associado, eles pagam cerca de 3% a menos no valor dos produtos”.

A expansão do atendimento faz parte do planejamento da Coopeavi para este ano. Ainda de acordo com o presidente, a partir de 2020 a Coopeavi deve investir na ampliação do condomínio avícola de Santa Maria do Jetibá. No ano passado, a cooperativa comercializou mais de 471,9 mil caixas com 300 dúzias de ovos cada. O número foi 33,8% superior ao do ano anterior (413,9 mil caixas). Já a venda de ovos pasteurizados cresceu quase 12% entre 2017 e 2018, passando de 1,06 mil toneladas para 1,19 mil toneladas.

Atualmente a Coopeavi tem em torno de 15 mil cooperados. O número aumentou bastante neste ano, devido à incorporação da Veneza. A cooperativa vem diversificando a atuação, com o objetivo de ter mais opções de produtos e evitar as perdas com as intempéries do mercado. De acordo com o presidente da Coopeavi, ainda existem desafios a serem superados, como o de trabalhar a equipe interna para atender melhor os cooperados e envolver as famílias dos associados cada vez mais.

“A família precisa entender que não é só um de seus membros o cooperado, mas todos da casa. É necessário que se conscientizem sobre isso para que futuramente tenhamos mais associados, e para que o espírito cooperativista continue crescendo”, conta.

MAIS LOJAS A CAMINHO

A Coopeavi deve abrir ainda este ano mais sete lojas agropecuárias na Região Norte do Espírito Santo. A cooperativa tem 19 unidades de negócio desse tipo no Estado. De acordo com Denilson Potratz, esta é uma demanda crescente. “Além de fornecer um bom serviço e produtos de qualidade, o preço para o cooperado é mais atrativo”, comenta.

No ano passado, a Coopeavi teve um faturamento bruto de R$ 194,1 milhões com as lojas agropecuárias. O montante foi 1,6% maior do que o apresentado em 2017: R$ 190,9 milhões.

Os locais disponibilizam profissionais, como técnicos agrícolas, agrônomos ou veterinários, para orientar os cooperados. As lojas atendem o homem do campo em atividades como a horticultura, fruticultura, silvicultura, grandes culturas, cafeicultura e pecuária.

A cooperativa ainda trabalha prestando consultoria técnica, o que proporciona que os produtores tenham acesso a novas tecnologias e formas de plantio. Cerca de 70 profissionais – entre técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos e veterinários com títulos de especialização, mestrado e doutorado – realizam trabalhos diretamente no campo com os produtores associados.

O presidente da cooperativa, Denilson Potratz, comemora o crescimento de 33,8% na venda de caixas de ovos

 

TABELA

Evolução no número de cooperados

2016     11.389

2017      12.207

2018      12.858

2019      15.100

 

Produção de ração (em toneladas)

2016      58.293

2017      72.624

2018      71.846

 

Caixas de ovos comercializadas (com 30 dúzias cada)

2016      381.603

2017      413.690

2018      471.911

Apaixonado por café

Investimento em grãos diferenciados

O agricultor Valdeir Tomazini atua desde criança na cafeicultura. Em 2002, começou a trabalhar com o café de qualidade. Por ano, produz 200 sacas, sendo 80 de café especial. “Eu nasci mexendo com café e sou apaixonado por ele.  A cooperativa ajuda o produtor a divulgar seu produto”, comenta.

Valor agregado

500 sacas colhidas em um ano

Altamiro Ludke, 40, trabalha há quase 20 anos produzindo café e há dez é cooperado da Coopeavi. Há cerca de oito anos começou a melhorar a qualidade, para agregar valor ao grão. No ano passado, colheu aproximadamente 500 sacas de arábica e conilon.

Exportação de café triplica em um ano

 

A cafeicultura é uma das principais atividades desenvolvidas no Estado. Isso porque os grãos produzidos no Espírito Santo são apreciados em todo o mundo. No ano passado, a Coopeavi exportou três vezes mais do que no ano anterior. Ao todo, 24,9 mil sacas tiveram destino internacional em 2018.

As exportações de café da cooperativa vêm crescendo ano a ano. Em 2016, foram exportadas 7 mil sacas. Já no ano seguinte, foram 8,3 mil. Atualmente, a Coopeavi exporta para dez países de diferentes continentes: Austrália, China, Cuba, Israel, Itália, Jordânia, Líbia, Rússia, Taiwan e Turquia.

Ao longo de 2018, a cooperativa comercializou 265 mil sacas de café verde, no mercado nacional e internacional. Em comparação com 2017 houve um aumento de 38,4% no total comercializado. Ou seja, no ano passado foram vendidas 73,6 mil toneladas a mais do que no ano anterior.

Do total de grãos produzidos e vendidos, 63,7% (168.454 sacas) são da variedade conilon, produzido principalmente na Região Norte capixaba, onde as terras são mais quentes e planas. Já os outros 36,3% (96.267 sacas) são de arábica, cultivados, em sua maioria, na região Sul o Estado.

A maior parte dos 15 mil associados são cafeicultores. Por esse motivo, a Coopeavi atua em todo o ciclo da produção do café, desde o momento da compra dos insumos e consultoria técnica até a comercialização dos grãos ao mercado. A cooperativa tem armazéns em diversos municípios do Estado e estocou aproximadamente 700 mil de sacas de café em 2018.

Nova marca

O sucesso dos cafés da cooperativa é tanto, que ela lançou uma nova marca de grãos, a Pronova. A linha, que entrou no mercado no início deste ano, traz para o consumidor a oportunidade de experimentar os aromas e sabores de cafés gourmet produzidos no Espírito Santo e que, além disso, carregam consigo muitas histórias.

Os grãos são frutos da agricultura familiar de cerca de 200 produtores da Região das Montanhas capixabas. Para os cafés torrados são usadas as melhores sementes de cada safra, com duas opções: uma embalagem preta – que traz sempre o café de um lote premiado, com notas acima de 88 pontos na análise sensorial – e uma branca – blend de grãos altamente selecionados.

 

PLACAR

256 mil sacas de café  verde. Foi o total comercializado em 2018, 38,4% a mais em relação a 2017

300% a mais. Foi o aumento da exportação de café em 2018. Foram vendidas 24,9 mil sacas

10 países. É o número de locais para os quais a Coopeavi exporta café. São eles: Austrália, China, Cuba, Israel, Itália, Jordânia, Líbia, Rússia, Taiwan e Turquia

Sucessão ainda é desafio

Atrair os jovens, garantindo a   renovação de lideranças, é um dos desafios para o cooperativismo. De olho nos processos de sucessão, as cooperativas capixabas investem cada vez mais em cursos e estratégias de mobilização, com o objetivo de formar novos gestores.

O caso da Selita, de Cachoeiro de Itapemirim, mostra a preocupação de preparar durante anos o cooperado para que um dia ele possa estar apto a assumir uma função de maior responsabilidade.

 

“O que a Selita tem feito nos últimos anos é promover cursos, envolver lideranças e comitês educativos e ter o máximo de transparência no processo de sucessão. Temos como princípio envolver todos os cooperados nessa discussão”, destaca o presidente da cooperativa, João Marcos Machado.

 

Ele ressalta que há uma preocupação constante em buscar novos talentos. “A Selita prevê apenas uma reeleição para presidente e também para o conselho, o que mostra o cuidado em renovar”, observa Machado.

Programa

A Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) tem como meta investir na juventude cooperada, e para isso quer retomar o programa “Jovens Coop”, que chegou a formar três turmas, com o propósito de estimular os jovens a entender um pouco melhor o cooperativismo.

 

“Pretendemos trabalhar com capacitação de jovens com esse perfil, e abordar a questão da sucessão familiar também. Precisamos preparar e estimular os jovens, porque se a gente não fizer isso não teremos, no futuro, sucessores”, alerta o presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello.

 

O presidente conta que, atualmente, o quadro de cooperados tem uma participação abaixo do esperado de jovens, fato que eles pretendem reverter.

“De 5.760 cooperados da Cooabriel em 2018, apenas 610, ou seja 10,59%, tinha de 25 a 34 anos. Precisamos aumentar essa adesão. A gente percebe que os jovens que temos hoje no quadro são pessoas que têm ideias novas, com possibilidade de mudar a cooperativa para garantir a sustentabilidade dela por mais tempo”, reforça.

Técnica e prática

 

O investimento em conhecimento foi fundamental para que Jecimiel Gerson Borchardt, 32 anos, decidisse continuar no campo, garantindo o crescimento do negócio que vem sustentando sua família há gerações em São Gabriel da Palha, Norte do Estado: o cultivo do café.

 

Jecimiel aprendeu com o pai o que o avô ensinou sobre a vida na roça. Mas quis mais: investiu em cursos, e hoje aplica o que estudou na propriedade que será, um dia, dele e da irmã.

 

“Sabia que a responsabilidade de cuidar de tudo passaria para mim. Me formei em técnico em agropecuária. Depois, fiz a faculdade de engenharia agronômica. E posso dizer que faz diferença a gente ter  conhecimento técnico. As cooperativas também custearam um curso para nós, jovens, o que tem nos ajudado a continuar a vida no campo”, destaca.

 

Melhoria na produção e contenção de gastos estão entre as vantagens que o estudo proporciona. “A tecnologia pode ser um facilitador para o homem do campo. Tecnologias de controle de pragas, controle de custos para investir no que pode dar mais retorno. Isso tudo a gente também aprende com os estudos. E faz com que os jovens queiram permanecer  no campo, como é o meu caso.”

 

PLACAR

90 mil Cooperados

Foi o número de beneficiados no Eestado pelo Sescoop com capacitações, treinamentos, fóruns e congressos, entre 2017 e 2018, de acordo com a OCB/ES

“Faz diferença a gente ter conhecimento técnico”  Jecimiel Gerson Borchardt, 32 anos  Agricultor, planta café na propriedade da família

Cooperativismo: uma solução para a retomada do desenvolvimento

O cooperativismo é mais que um conceito econômico: é uma filosofia de vida pautada na competência, integridade, na inovação e, acima de tudo, na união de seus integrantes.

Com uns ajudando aos outros em prol de um objetivo em comum, o Sistema Cooperativo assumiu um papel de protagonismo e de transformação social.

Em todo o Brasil, são mais de 6,8 mil cooperativas, 14,2 milhões de associados e aproximadamente 400 mil trabalhadores.

De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras no Espírito Santo (OCB-ES), temos em nosso Estado 444.147 cooperados, em 126 cooperativas.

Atuamos em nove áreas: agropecuária, consumo, crédito, habitação, educação, produção, trabalho, transporte e saúde. Além disso, a eficiência é uma marca registrada do setor em terras capixabas, que vem reduzindo custos e, em 2018, gerou um faturamento que passa a marca dos R$ 6 bilhões.

Nessa escuridão que o país tem passado, quem conseguiu dar um passo à frente estava protegido pela força das cooperativas. Sobrevivemos aos inúmeros fatores que tumultuaram o país nos últimos anos e seguimos gerando oportunidades ao nosso povo.

O cooperativismo brasileiro é o nosso instrumento de proteção e a grande ferramenta para que continue sendo protagonista é a política. Por meio dela, conseguimos vitórias maiúsculas, como a publicação da Lei Complementar 161/18, que permite que os municípios abram contas em cooperativas de crédito para atividades como a manutenção da folha de pagamento de servidores e movimentação financeira.

É uma lei exemplar, pois deu a chance para as prefeituras melhorarem suas gestões por meio da metodologia cooperativista de transparência, com a realização de prestação de contas e assembleias. Temos várias pautas essenciais para o setor que só serão viabilizadas com a união entre o Cooperativismo e a política.

São exemplos o PL 519/15, conhecido como Lei Geral das Cooperativas, que atualiza e desburocratiza as normas do setor, e o PL 8.824/17, que altera a legislação para que as cooperativas possam prestar serviços de telecomunicações.

Faço um apelo: peço para que vocês abram as portas para receber os parlamentares. Precisamos do carinho e da atenção de vocês.

Se os melhores brasileiros de conteúdo, de moral e de ética estiverem dentro do ambiente político, é certo que teremos capacidade para pautar a agenda deste país da diversidade.

Temos que ocupar esse espaço e continuarei trabalhando para garantir o nosso protagonismo e o diálogo com todos os segmentos.

DESTAQUE

Nessa escuridão que o país tem passado, quem conseguiu dar um passo à frente estava protegido pela força das cooperativas. Sobrevivemos aos inúmeros fatores que tumultuaram o país nos últimos anos e seguimos gerando oportunidades ao nosso povo

Receita anticrise

Em um ano, entre 2017 e 2018, o número de cooperados no Estado cresceu 20%. O Espírito Santo tem hoje 444.147 pessoas associadas a cooperativas, o que demonstra a importância estratégica da atividade para a nossa economia: o setor conta com 126 cooperativas registradas e faturou aproximadamente R$ 6 bilhões em 2018.

Cooperar, na concepção mais simples da palavra, significa unir forças em prol de um objetivo. É partilhando dessa filosofia que o presidente do Sistema OCB/ES, Pedro Scarpi Melhorim, desenvolve seu trabalho à frente da instituição. Desde 2017 na função, ele celebra a consolidação do setor e o crescimento, que resultou na geração de quase 8 mil empregos diretos.

 

 Como o cooperativismo chegou a esse patamar no Estado e quais são as projeções para o futuro?

No Brasil, mais de 12,7 milhões de pessoas – 5,7% da população – estão vinculados a alguma das cerca de 7 mil cooperativas, que geram quase 400 mil empregos. O faturamento das cooperativas capixabas corresponde a cerca de 5% do PIB estadual. Este é o movimento que se fortalece no mundo todo, responsável por números que impressionam. O cooperativismo é um sistema capaz de gerar milhões de empregos e que nasceu com princípios claros e sólidos. Mais que um modelo de negócio, é uma filosofia de vida, centrada no ser humano e na conexão de pessoas com um propósito comum.

É a ponte para o futuro. Um bilhão de pessoas, em mais de 100 países, estão diretamente envolvidas com o cooperativismo, ou seja, um em cada sete habitantes do planeta é associado a uma cooperativa. São mais de 250 milhões de empregos gerados.

Como o cooperativismo tem atuado para o desenvolvimento da agricultura no Estado?

As cooperativas ajudam o agricultor a se manter no campo, fomentando a comercialização de seus produtos, fornecendo serviços a seus cooperados e desenvolvendo a região. Dentre os maiores benefícios, estão: inclusão de produtores, independentemente de seu tamanho e sistema de produção; coordenação da cadeia produtiva em relação horizontal; geração e distribuição de renda de forma equitativa; prestação de serviços; acesso e adoção de tecnologias para os seus cooperados; economias em escala nos processos de compra e venda coletivos; acesso a mercados que isoladamente seria mais complicado  e agregação de valor à produção dos cooperados.

Como é a atuação da OCB para fomentar e desenvolver as cooperativas vinculadas ao Sistema OCB/ES?

É importante frisar que o SESCOOP/ES, integrante do Sistema OCB/ES, também faz parte do Sistema S, e assim como todos os outros “S”, tem como responsabilidade garantir a qualificação do público que se destina a atender, e assim o fazemos.  Oferecemos assessoria jurídica, financeira, técnica e de fomento; auditoria interna na área de gestão e governança; sistema de controles internos; cursos e treinamentos; monitoramento; assessoria de comunicação e marketing, contábil e de negócios; além de suporte de tecnologia da informação.

Todos os anos, milhares de dirigentes de cooperativas e cooperados   são beneficiados pelo SESCOOP/ES e pela OCB/ES com capacitações. Também realizamos diversas visitas in loco, pareceres técnicos e contábeis, tributários, jurídicos e consultorias empresariais.

Quais são as maiores vantagens competitivas do cooperativismo?

O cooperativismo é uma alternativa ao desemprego. De acordo com o IBGE, o Brasil chegou a ter 13 milhões e desempregados em 2017, e os números ainda são preocupantes. No cooperativismo o empreendedor faz uma opção, na vida e no trabalho, pela ajuda mútua, construindo uma sociedade melhor baseada em valores nobres de solidariedade, de igualdade de direitos e de deveres, de responsabilidade e de compromisso. Toda decisão é tomada pelo voto dos cooperados.

Partindo desses princípios, o cooperativismo se apresenta como uma opção de desenvolvimento econômico sustentável e inclusão social, com inúmeros cases de sucesso no Estado e no Brasil.

Comparando ao cenário nacional, qual a avaliação do setor cooperativista do Estado?

O segmento é desafiador e pujante. Nossos cooperados são guerreiros e estamos sempre alinhados com demandas, ideias e propostas. Assim, conseguimos driblar as crises e nos consolidar no âmbito nacional como modelo a ser seguido. Tudo isso só é possível por meio de muito diálogo, implantação de projetos e programas e a garantia de suas execuções para melhorar as gestões e governanças corporativas.

 

Qual será o papel das cooperativas nos próximos anos?

Queremos ampliar o alcance de programas que trabalham conceitos de cooperativismo e cooperação,divulgando o cooperativismo brasileiro e seus benefícios.

Temos ainda a intenção de ampliar e fortalecer os programas e projetos que visam melhorar a governança e gestão em cooperativas. O Sistema OCB/ES se preocupa e atua no sentido de preparar suas lideranças para que entendam que precisamos reinventar o cooperativismo e repensá-lo sob a luz dos avanços tecnológicos.

É sempre necessário aprimorar nossos processos de gestão, com a capacitação permanente das liderança e sem perder de vista os princípios propostos pelo modelo de negócio cooperativista. Estamos sempre nos aperfeiçoando, e o resultado é uma cooperativa sólida e sustentável.

 

PLACAR

444.147 cooperados. É o número atual de cooperados. De 2017 para 2018, o aumento foi de  20%

126 cooperativas Atuam no Estado

7.946 empregos. É a quantidade de trabalhadores empregados em cooperativas

6 bilhões de reais. Foi o faturamento das cooperativas no Estado em 2018

 

“O cooperativismo se apresenta como uma opção de desenvolvimento econômico sustentável e inclusão social” – O presidente da OCB/ES comemora os bons resultados do cooperativismo no Estado

Presença

As cooperativas atuam em nove setores no Estado

  • Agropecuária
  • Consumo
  • Crédito
  • Educação
  • Habitação
  • Produção
  • Transporte
  • Trabalho
  • Saúde

Cooperativismo capixaba vai ganhar casa nova

O cooperativismo capixaba  vai ganhar casa nova. Para acompanhar e suprir as necessidades de um setor em franca ascensão, o sistema OCB/ES construiu uma nova sede, que deverá ser inaugurada no próximo mês. Desde 2006 situada na Avenida Beira-Mar, em Vitória, a instituição irá para a Reta da Penha, também na Capital.

A mudança se fez necessária porque o antigo espaço estava pequeno para um segmento que demanda uma estrutura mais robusta. A troca de endereço é comemorada pelo presidente, Pedro Scarpi Melhorim, que vê o novo espaço como uma consolidação do cooperativismo local.

“A nova sede é fruto da confiança depositada pelas cooperativas ao longo dos anos no Sistema, e esta é a nossa forma de retribuir. Além disso, o Sistema OCB/ES está buscando mudanças que vão além do novo espaço, como a  implantação da gestão estratégica e a profissionalização da mão-de-obra.”

O espaço tem 900m², 30 vagas de estacionamento e permite a flexibilização da ocupação. “O auditório tem capacidade para 120 pessoas, mas pode se transformar em três salas de treinamento, com 40 pessoas em cada”, explica. Outra novidade da nova sede é o “espaço cooperativo”, voltado para as cooperativas do interior desenvolverem estratégias de crescimento, já que a maioria  não conta com área física suficiente.

 

Nova sede da OCB/ES terá mais espaço e conforto

Pacientes e médicos em boas mãos

O compromisso em atender às necessidades e expectativas dos cooperados, colaboradores e sociedade faz toda a diferença. Em quase três décadas de atividade a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Espírito Santo (Coopanest/ES) não mediu esforços em projetos para ser cada vez mais perene e sustentável.

A Coopanest se consolidou como uma das instituições capixabas mais fortes e representativas da área de saúde no Estado. Desde que foi constituída, em junho de 1992, a entidade disponibiliza serviços de alta qualidade, investindo em tecnologia e na busca constante de recursos e iniciativas para o fortalecimento da especialidade.

No ano de 2018, realizamos mais de 100 mil procedimentos/ano, sendo que a nossa região predominante é a Metropolitana. Além disso, os nossos cooperados atuam nos hospitais e clínicas das regiões Norte e Sul do Espírito Santo”, comenta o presidente da Coopanest/ES, José Carlos Binda.

Benefícios

Ao todo, são 329 cooperados, atuando na maioria dos hospitais das redes pública e privada do Espírito Santo. A formação profissional, a educação cooperativa e a assistência administrativa em contratos de prestação de serviços são alguns dos benefícios que recebem estando ligados à Coopanestes.

“Sempre dentro dos princípios do cooperativismo, temos buscado promover a defesa econômica, a capacitação e o bem-estar social dos médicos anestesiologistas. Nosso objetivo é preservar a ética, as condições para o exercício da atividade médica e a justa remuneração dos profissionais. E, com isso, poder oferecer aos pacientes o atendimento de qualidade e excelência que eles merecem”, afirma Binda.

O presidente da cooperativa conta que a entidade começou, neste ano, a fazer visitas a hospitais, para verificar as condições de trabalho

QUALIDADE

Para ficar de olho na qualidade do ambiente de trabalho dos cooperados, a Coopanestes iniciou neste ano um projeto de visitas a hospitais. “Queremos identificar eventuais correções ou melhorias a serem feitas nos locais onde nossos colaboradores trabalham”, explica.

 

Outras importantes ações empreendidas pela instituição são o Programa de Educação Continuada para cooperados, médicos residentes e estudantes de medicina; a auditoria anual para verificar conformidades e não conformidades no desempenho da organização; e o Selo de Qualidade, implantado em parceria com a OCB/ES e a Fundação Nacional de Qualidade (FNQ).

“A associação, a participação, a cooperação e a presença ativa na sociedade nunca foram tão necessárias quanto nesse momento instável em que vivemos. Acreditar e fazer com que as mudanças aconteçam dependem de cada um de nós”, observa o diretor da cooperativa.

 

“Nosso objetivo é preservar a ética, as condições para o exercício da atividade médica e a justa remuneração de profissionais. E, com isso, poder oferecer aos pacientes o atendimento de qualidade e de excelência que eles merecem” José Carlos Binda, Presidente da Coopanest/ES

 

 

A Coopanest tem 329 cooperados e atua na maioria dos hospitais das redes pública e privada do Espírito Santo

 

Sobre a cooperativa

Área de atuação: predominantemente em hospitais públicos e privados da região metropolitana

Ramo de atuação: anestesiologia

Tempo de atividade: 27 anos

Atendimentos realizados em 2018: mais de 100 mil

Total de cooperados: 329