Irupi

Irupi

Depois de Iúna e seu turismo religioso chegamos a Irupi, uma cidade que já foi território iunense e por onde a Rota Imperial também passou. A cidade é uma das 11 que fazem parte da região do Caparaó, onde uma série de turistas passa todo ano em visita ao Pico da Bandeira. Mas não é só o parque nacional que faz sucesso na região. Irupi também possui, entre seus cafezais a perder de vista, rotas naturais ainda pouco conhecidas pelos capixabas, mas com grande potencial turístico.

Um desses pontos é a Cachoeira do Chiador. Localizada a cerca de cinco quilômetros da BR-262, próximo à entrada de Irupi, e a 22 quilômetros do centro da cidade, a cachoeira possui duas grandes piscinas naturais de água cristalina e uma queda de cerca de nove metros de altura. Assim, o visitante pode "escorregar" entre uma piscina natural e a outra.

Cachoeira do Chiador, com suas piscinas de água cristalina.

Irupi também é conhecida por ser um excelente local para a prática de esportes de aventura, como o rapel e o voo livre, a partir da Pedra da Tia Velha. A pedra da Torre também é outro ponto bastante procurado, com 1.160 metros de altura e com vista da cidade inteira.

Mas para quem não quer se aventurar, a cidade não precisa ser riscada da programação. Se você gosta de conhecer histórias do interior, por exemplo, não é difícil. Os moradores são solícitos e têm muito para contar. Quem tem muita história, inclusive sobre os tropeiros, é Augusto Gomes Nascimento, 80. Na sala da casa onde mora, na sede da cidade, ele abriu um pouco da vida para a reportagem.

Augusto Gomes Nascimento, 80, o Augusto "da Tia Velha". Ele é morador de Irupi, além de ser filho e genro de tropeiros da região que viajavam para Minas Gerais levando sacas de café e trazendo mercadorias como sal e querosene.

Conhecido como Augusto da "Tia Velha", agregando o nome da localidade em que nasceu, ele conta que viveu boa parte da história dos tropeiros de Irupi. "Meu pai e meu sogro foram tropeiros. Eles saíam daqui com as tropas, que eram uns dez burros com balaios, carregados com café da região e seguiam em direção a Minas Gerais. Na volta, traziam as mercadorias e o que faltava em casa. Traziam, principalmente, sal e querosene".

Simpático e com a memória afiada, Augusto lembra que por muitas vezes a comida precisou descer "quadrada" pela falta de mantimentos enquanto o pai trabalhava. "A gente ficava dias e dias comendo sem sal, pois uma viagem dessa com burros demorava mais de 20 dias até Guaçuí, por exemplo. Mas para os tropeiros era uma farra. Não se preocupavam muito com o tempo", brinca o idoso, sentado em uma poltrona na sala, embaixo de um quadro de cerca de um metro de altura que retrata em pintura a fazenda onde nasceu e viveu.

Também em Irupi, terra repleta de pés de café, os restos da principal economia da cidade viram obras de arte e movimentam um comércio diferenciado na região do Caparaó. É que como há muitos pés de café e eles precisam ser podados de tempos em tempos, o tronco da planta vira qualquer tipo de móvel nas mãos do artesão Geovane Gonçalves, que também é subsecretário de Turismo e Cultura em Irupi.

Geovane Gonçalves, artesão de Irupi que utiliza a madeira que sobra da poda do café para produzir móveis artesanais como sofás, mesas, cadeiras e até armários para guardar roupas.

"Matéria-prima é o que não falta com tanto cafezal", brinca o artista. Geovane decorou a própria casa com móveis feitos por ele mesmo, em sua oficina ao lado de casa. Jogo de sofás, mesa com seis cadeiras, estante da sala, cama de casal e até armário do quarto foram produzidos a partir da criatividade do artesão, aliada à abundância de madeira que sobra da poda dos pés de café. "Mas não faço só para mim. Complemento a minha renda e vendo os móveis. Eles são bem duradouros, pois a madeira do pé de café é resistente às brocas", conta.

Além de fabricar os móveis, Geovane também é um dos maiores incentivadores de que todos os moradores conheçam melhor a história da Rota Imperial e o que ela pode trazer de positivo. "A Rota Imperial ajudou nossa cidade a se desenvolver. Ela permitiu que as tropas tivessem como levar e trazer mercadorias. E ela, agora, também pode ajudar a trazer os turistas, que já estão procurando saber sobre a rota e o que temos de bom para oferecer", confia.

Irupi também abriga a história da guerrilha do Caparaó, entre 1966 e 1967. Foi em regiões como a Gruta de São Querino que guerrilheiros se abrigavam e escondiam das buscas efetuadas por soldados do governo. Na mesma gruta, hoje, estátuas ajudam a contar a história da tentativa insurgente contra a ditadura militar. O Museu do Zé também abriga objetos antigos da cidade e fotos da guerrilha.

Serviços

  • Pousada Caminhos do Caparaó - Tel.: (28) 3548-1184 ou (28) 99956-6811
  • Hotel Tock Real - Tel.: (28) 3548-1159
  • Churrasquinho do Pedro - End.: Rua: João Costa, 51, Centro
  • Restaurante Família - End.: Rua: Dr. Ari Miranda Leal, 29
  • Lanchonete Schuab - Tel.: (28) 3548-1662
  • Pedra da Torre: Altitude de 1.100 metros. Do alto da pedra é possível contemplar a bela vista da cordilheira do Caparaó e do Pico da Bandeira.
  • Pedra da Tia Velha: Com 1.140 metros de altitude, é ideal para a prática de esportes radicais.
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